Tensão entre Trump e Fed derruba dólar e reacende alerta nos mercados

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O dólar iniciou a terça-feira em queda, refletindo o clima de incerteza que tomou os mercados após novas declarações do ex-presidente Donald Trump contra o comando do Federal Reserve. Mesmo após o feriado prolongado no Brasil, os reflexos das falas de Trump continuaram ecoando entre os investidores.

Na semana passada, Trump voltou a criticar o atual presidente do Fed, Jerome Powell, e chegou a afirmar que, se quisesse, ele deixaria o cargo. Em seguida, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse que a equipe de Trump estaria “estudando as opções” para substituir Powell.

Risco institucional preocupa investidores

Embora Trump não possa legalmente demitir o presidente do Fed, a ameaça gerou instabilidade global. Isso porque a autonomia dos bancos centrais é vista como um pilar essencial da confiança nos mercados financeiros.

Especialistas alertam que qualquer tentativa de enfraquecer essa independência institucional pode afetar não apenas a condução da política monetária, mas também a credibilidade internacional dos Estados Unidos.

Segundo o analista Luan Aral, “juros e câmbio reagem rapidamente a sinais de interferência política em instituições técnicas”. Ele destaca que esse tipo de movimentação causa mais volatilidade, sobretudo em períodos eleitorais.

Dólar recua, bolsa avança

Com esse pano de fundo, o dólar comercial caiu 1,32% nesta terça-feira, sendo negociado a R$ 5,72 no início da tarde. Ao mesmo tempo, o Ibovespa subiu 0,65%, ultrapassando os 130 mil pontos.

Apesar do alívio momentâneo no câmbio, o clima geral ainda é de cautela. A possibilidade de instabilidade política nos Estados Unidos paira sobre as decisões de grandes fundos e instituições.

Debate sobre juros volta ao centro

A tensão também gira em torno dos juros americanos, atualmente entre 4,25% e 4,50% ao ano. Trump deseja cortes nas taxas, medida que Powell tem resistido a tomar diante dos riscos inflacionários.

Vale lembrar que juros altos controlam a inflação, mas também podem frear o crescimento econômico. Trump, por sua vez, já expressou descontentamento com essa postura, alegando que ela prejudica o país.

Guerra comercial e impacto na inflação

Outro fator que agrava o cenário é o chamado “tarifaço” imposto pelos EUA sobre diversos países. Powell alertou recentemente que essa política comercial dificulta o trabalho do Fed, pois aumenta os custos de produção e pressiona a inflação.

Em resposta, Trump reafirmou que Powell é “atrasado e errado” e disse que sua permanência no cargo só se sustenta por conta de entraves legais.

Acordos paralelos em busca de estabilidade

Enquanto isso, o vice-presidente J.D. Vance afirmou nesta terça-feira que os EUA e a Índia chegaram a um acordo preliminar para evitar tarifas recíprocas. A parceria, segundo ele, é estratégica para garantir um século XXI mais estável.

A declaração, embora diplomática, revela um esforço do governo para diminuir tensões com aliados enquanto mantém a pressão sobre rivais econômicos, como a China.