Vice-presidente diz que tecnologia deve ser aliada do trabalhador e não ferramenta de exclusão
O governo federal voltou a colocar na mesa a possibilidade de rever a jornada de trabalho no Brasil, especialmente o modelo 6×1, em que o trabalhador atua por seis dias e descansa apenas um. A proposta ganhou novo impulso após declarações do vice-presidente Geraldo Alckmin, que classificou a mudança como uma tendência mundial.
Tecnologia acelera debate
Segundo Alckmin, o avanço da tecnologia transformou a forma como se produz em todo o planeta. Com a automação, robotização e maior armazenamento de dados, é possível fazer mais com menos esforço humano.
“A agricultura se mecanizou, a indústria se automatizou. A tecnologia hoje permite ganhos de produtividade que não justificam manter jornadas exaustivas”, afirmou o vice-presidente.
Ele pontuou que a produtividade cresceu, mas as desigualdades sociais também aumentaram. “Tem muito dinheiro circulando, mas quem só tem sua força de trabalho segue estagnado. Precisamos de equilíbrio”, disse.
Debate será negociado com setores
Alckmin destacou que qualquer alteração na legislação será feita com diálogo. Para ele, é essencial respeitar as diferenças entre os setores da economia. Nem todos os ramos têm a mesma estrutura ou capacidade de adaptação.
“Não dá para tratar o comércio como a indústria pesada. Cada setor terá seu ritmo. A negociação será responsável e ampla”, explicou.
Ele também mencionou a proposta de reforma no Imposto de Renda, apresentada por Lula, como parte desse esforço para promover justiça social.
Lula já havia antecipado discussão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia antecipado a intenção de abrir essa discussão. Durante o pronunciamento do Dia do Trabalhador, ele falou sobre a importância de repensar a jornada para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.
“É hora de o Brasil dar esse passo. Não faz sentido uma pessoa trabalhar seis dias e descansar apenas um. Precisamos de um modelo mais humano”, disse o presidente na ocasião.
Pressão social também cresce
Movimentos sociais e sindicatos também têm pressionado por essa mudança. Nas redes sociais, milhares de internautas demonstraram apoio à proposta de acabar com a escala 6×1, que é vista por muitos como um modelo ultrapassado.
A discussão ainda está em fase inicial, mas o apoio de figuras centrais como Alckmin e Lula sinaliza que o tema deve avançar nas próximas semanas.