Parceria com chinesa State Grid e apoio internacional devem acelerar projeto que ligará três estados por energia renovável
O governo federal iniciou tratativas com o Banco dos Brics para financiar uma das mais ambiciosas obras de infraestrutura energética do Brasil. Trata-se da Linha de Transmissão Graça Aranha, que vai interligar os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás, permitindo o escoamento da energia gerada no Norte para o Sudeste.
A linha representa uma solução para um problema crítico: o desperdício de energia renovável. Hoje, o sistema elétrico nacional interrompe parte da geração por falta de estrutura para transportar a eletricidade. Essa limitação, chamada de curtailment, prejudica tanto os produtores quanto o meio ambiente.
Parceria com gigante do setor elétrico
O projeto tem um aliado de peso. A State Grid Corporation, uma das maiores empresas de energia do mundo, vai investir R$ 18 bilhões até 2030 na obra. A empresa chinesa já é uma parceira estratégica do Brasil no setor elétrico.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reuniu-se com executivos da State Grid para alinhar os próximos passos. Segundo ele, a obra vai não apenas ampliar a capacidade da rede, mas também integrar fontes renováveis ao sistema nacional com mais eficiência.
Viagens e articulações internacionais
A negociação com os Brics acontece em meio à agenda internacional do ministro. Silveira deve integrar a comitiva presidencial em visitas oficiais à Rússia e à China. O foco será reforçar a cooperação energética entre países emergentes e atrair investimentos em infraestrutura limpa.
Além disso, Silveira participará de fóruns sobre transição energética global, buscando aproximar o Brasil de iniciativas que apostam na descarbonização da economia. A proposta é posicionar o país como líder na geração e exportação de energia sustentável.
Solução para gargalos e perdas no sistema
A nova linha tem papel central na tentativa de eliminar os gargalos que hoje afetam a produção e a distribuição de energia. Quando a geração supera a capacidade das linhas existentes, o governo é obrigado a interromper parte da produção para evitar sobrecarga.
Essa perda não é apenas econômica. Ela também significa um retrocesso ambiental, já que impede o uso pleno de fontes limpas e renováveis, como a eólica e a solar. Com a nova estrutura, o país poderá escoar essa energia para regiões mais populosas, como o Sudeste.
Financiamento dos Brics é peça-chave
Para que tudo saia do papel, o Banco dos Brics (Novo Banco de Desenvolvimento) pode ser decisivo. O governo quer usar a linha como vitrine para mostrar que o Brasil está pronto para receber grandes aportes internacionais com foco em infraestrutura verde.
No mês passado, Silveira já havia se reunido com a presidente da instituição, Dilma Rousseff, em Xangai. O encontro reforçou a busca por parcerias financeiras estáveis que ajudem o Brasil a expandir sua matriz energética sem comprometer a sustentabilidade.