Golpe no INSS envolve falsificação em série e ações judiciais suspeitas

Fraude em descontos do INSS pode gerar prejuízo histórico nas contas públicas
Edifício da Previdência Social | Foto: José Cruz/Agência Brasil

PF aponta ligação direta entre profissionais do Direito e contadores em fraudes que somam R$ 56 milhões

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira uma operação contra um grupo suspeito de fraudar o sistema previdenciário brasileiro. O esquema, segundo os investigadores, envolvia contadores e advogados que atuaram por quase uma década no Distrito Federal, criando aposentadorias indevidas com base em documentos forjados.

Ao longo das investigações, a PF identificou a concessão irregular de 232 benefícios, o que gerou um prejuízo superior a R$ 56 milhões aos cofres públicos. O alerta mais grave, no entanto, está na projeção futura: o dano potencial pode ultrapassar R$ 200 milhões, caso os benefícios se mantenham ativos.

Empresas de fachada e vínculos forjados

O grupo usava uma estratégia bem definida. Contadores transmitiam GFIPs — documentos obrigatórios para empresas declararem informações de trabalhadores — com dados falsos de vínculos empregatícios. As empresas utilizadas nesses registros não possuíam qualquer ligação com os supostos trabalhadores.

Além disso, a repetição de CNPJs, padrões idênticos nos documentos e incompatibilidades temporais chamaram atenção dos peritos. A PF também encontrou provas de falsificação em arquivos salvos em e-mails e nuvens digitais.

Ações judiciais e advogados sob suspeita

Outro braço do esquema passava por ações judiciais movidas por dois advogados. Eles teriam apresentado documentação falsa em processos para garantir judicialmente o direito à aposentadoria dos beneficiários.

Essas ações repetiam o mesmo padrão: documentos com dados alterados, protocolos semelhantes e os mesmos advogados atuando nas causas. A investigação revelou que os investigados recebiam valores diretamente dos beneficiários, como forma de pagamento pelo serviço fraudulento.

PF cumpre mandados e bloqueia bens

Na manhã desta quarta-feira, a operação cumpriu 17 mandados de busca e apreensão em diferentes pontos do Distrito Federal. Os agentes também determinaram o bloqueio de bens dos investigados e exigiram a revisão de todos os benefícios obtidos por meio do esquema.

A ação foi realizada em conjunto com a Coordenação de Inteligência Previdenciária do Ministério da Previdência Social. O objetivo é garantir que as falhas do passado não comprometam ainda mais o sistema.