Brasil e China apertam mãos com R$ 27 bilhões e discurso alinhado no cenário mundial

Brasil e China apertam mãos com R$ 27 bilhões e discurso alinhado no cenário mundial
Foto: Ricardo Stuckert

Lula defende equilíbrio geopolítico e cooperação entre países em desenvolvimento

Lula chegou à China nesta semana com uma missão clara: estreitar os laços com o maior parceiro comercial do Brasil e reposicionar o país no cenário internacional. A visita de Estado ao presidente Xi Jinping, realizada nesta terça-feira (13), reforçou a ideia de que a Ásia se tornou estratégica para os planos do governo brasileiro.

Acordos e investimentos bilionários

Durante os encontros, foram anunciados investimentos chineses no Brasil que somam R$ 27 bilhões. Esse valor marca um avanço significativo na relação entre os dois países. A China, que dez anos ocupava a 14ª posição entre os maiores investidores no Brasil, agora aparece em quinto lugar.

O montante anunciado envolve projetos nas áreas de infraestrutura, energia, tecnologia e agricultura, todos pontos centrais para o crescimento sustentável da economia brasileira.

Nova postura internacional

Lula aproveitou a ocasião para enfatizar que o Brasil não quer depender de apenas uma potência. Queremos equilíbrio, não submissão”, teria dito a interlocutores. Ao lado de Xi, o presidente brasileiro defendeu ações conjuntas contra a crise climática e a valorização de fóruns multilaterais, como resposta às tensões globais.

Esses posicionamentos se contrapõem à visão do ex-presidente norte-americano Donald Trump, conhecido por criticar acordos climáticos e instituições internacionais. Lula aproveitou o momento para reforçar que o Brasil escolhe o caminho da cooperação e não da confrontação.

O peso da comitiva brasileira

A grandiosidade da visita também chamou atenção. Lula desembarcou com a primeira-dama Janja, 12 ministros e cerca de 200 empresários, todos interessados em explorar oportunidades na segunda maior economia do mundo.

O gesto foi interpretado por analistas como uma demonstração clara da prioridade que o governo à relação com a China. Mais do que uma agenda comercial, a visita mostra que o Brasil busca reposicionar sua diplomacia, desta vez com ênfase no Sul Global, grupo que reúne os países em desenvolvimento.

Relação com os Estados Unidos segue aberta

Apesar da aproximação com os chineses, Lula deixou claro que não pretende romper laços com os Estados Unidos. O país continua sendo um dos principais parceiros comerciais do Brasil, especialmente nos setores de energia e tecnologia.

No entanto, a falta de iniciativas recentes entre os dois governos indica um distanciamento cauteloso. Sem avanços concretos ou convites oficiais, a relação com Washington parece esperar um novo capítulo.

China amplia influência na América Latina

Do lado chinês, a visita de Lula representa mais do que acordos econômicos. Xi Jinping busca consolidar a presença de Pequim na América Latina, e o Brasil, como maior economia da região, tem papel central nesse movimento.

Em paralelo à visita de Lula, a China organizou o Fórum China-Celac, reunindo autoridades de diversos países latino-americanos. O objetivo é fortalecer o diálogo sul-sul e criar alternativas de cooperação fora dos blocos tradicionais.