Revista Poder

Grãos menores e menos sacas desafiam produtores de café no Sul de Minas

Inflação do café assusta e preço segue em alta nas prateleiras

Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

A safra de café de 2025 no Brasil começa com um sinal de alerta. A produção nacional deve cair mais de 6% em comparação ao ano anterior, segundo a nova estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Essa queda já era esperada por muitos produtores, mas os números agora confirmam um cenário mais difícil do que o desejado.

Sul de Minas sente primeiro os impactos

O estado de Minas Gerais, maior produtor de café arábica do país, deve colher cerca de 25,6 milhões de sacas neste ano. Apesar do número ainda expressivo, representa uma redução considerável em relação à safra passada.

Boa parte dessa queda tem relação com a chamada bienalidade negativa, um comportamento natural da planta que, após um ano de alta produção, reduz sua capacidade produtiva.

Além disso, um fator agravante foi o clima seco. Entre abril e setembro de 2024, a falta de chuvas prejudicou o desenvolvimento dos cafezais, especialmente no Sul de Minas, região que lidera a produção no estado.

Técnicos veem risco de quebra ainda maior

Para o presidente da Comissão Técnica de Café da FAEMG, Arnaldo Botrel Reis, os dados da Conab podem ser conservadores demais.

“Nossos técnicos acompanham milhares de lavouras em Minas. A seca foi mais severa do que o esperado, e a quebra pode ser maior do que o que os números mostram”, afirma.

Outro problema observado é o tamanho dos grãos. Neste ano, o grão está menor, o que significa que será necessário mais café para fechar uma saca de 60 quilos. Isso afeta diretamente o volume total colhido.

Cautela é palavra de ordem na lavoura

Diante desse cenário, especialistas orientam os produtores a ter cuidado tanto na colheita quanto na comercialização.

“É importante colher no ponto certo, sem pressa, e manter os padrões de qualidade e segurança. Na hora de vender, o ideal é negociar apenas o necessário por enquanto”, orienta Botrel.

A colheita no Sul de Minas deve seguir até setembro. A expectativa é que, mesmo com a produção menor, os produtores consigam manter a organização e técnica para reduzir os impactos financeiros.

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