Ex-diretor da Abin revela que alertas sobre 8 de Janeiro foram ignorados

Ex-diretor da Abin revela que alertas sobre 8 de Janeiro foram ignorados
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, afirmou em depoimento que o órgão já previa o tamanho da manifestação que aconteceria em 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Segundo ele, no final do dia 7, os analistas já classificavam o ato como sendo de médio a grande porte.

Apesar disso, os alertas enviados à cúpula do governo e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) entre os dias 2 e 8 de janeiro não resultaram em nenhuma ação concreta para evitar a mobilização que culminou na invasão das sedes dos Três Poderes.

Mais de 100 ônibus chegaram à capital

O ex-diretor relatou que os dados sobre a chegada de ônibus a Brasília já estavam sendo monitorados. Apenas no dia 8, mais de 100 veículos chegaram à capital trazendo manifestantes. A movimentação intensa de grupos organizados já era percebida desde o final de outubro, segundo documentos internos da Abin.

Mesmo com a evolução clara do cenário, nenhuma medida preventiva foi tomada pelas autoridades responsáveis.

Ordens internas contrariaram decisão do STF

Além da inação diante dos alertas, chamou atenção o fato de haver uma ordem interna para manter uma operação de segurança, mesmo após o ministro Alexandre de Moraes ter determinado a sua suspensão. A operação envolvia principalmente a fiscalização de transportes interestaduais.

Na prática, essa decisão contrariava diretamente o Supremo Tribunal Federal, o que pode indicar uma tentativa de desarticular ações preventivas sob justificativas técnicas.

Depoimentos colocam foco em Anderson Torres

Durante as investigações que ocorrem no Supremo Tribunal Federal, várias testemunhas ligadas ao ex-ministro Anderson Torres foram ouvidas. Elas participaram de reuniões nos dias que antecederam os atos. Em seus depoimentos, negaram haver qualquer plano deliberado para impedir o acesso de eleitores ao Nordeste durante o período eleitoral.

Contudo, as declarações reforçam a existência de uma postura omissa diante dos alertas da inteligência nacional.