Dólar sobe e Ibovespa sente impacto de pedido judicial da Azul nos EUA

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O mercado brasileiro começou esta quarta-feira com sinais de instabilidade. Logo nas primeiras horas do pregão, o Ibovespa operava em queda, puxado pela forte desvalorização das ações da Azul, que surpreendeu ao anunciar um pedido de proteção judicial nos Estados Unidos.

O movimento da companhia aérea acendeu um alerta entre os investidores. Por volta das 10h45, os papéis da Azul recuavam cerca de 6%, antes de serem colocados em leilão por conta da forte oscilação. Ao mesmo tempo, o Ibovespa caía 0,33%, enquanto o dólar subia 0,59%, cotado em R$ 5,67.

Entenda o pedido feito nos EUA

A Azul informou que entrou com pedido no chamado Capítulo 11, um recurso da lei americana que permite a reestruturação de dívidas sem interromper as operações da empresa. Segundo o comunicado, o objetivo é eliminar cerca de US$ 2 bilhões em dívidas e garantir a continuidade das atividades normalmente durante o processo.

Apesar de o pedido não significar falência, o impacto foi imediato. O mercado reagiu com forte desconfiança, já que a empresa já vinha enfrentando dificuldades desde o começo do ano. Só em 2025, os papéis da Azul já acumulam uma queda de cerca de 70%.

Bolsa sente o peso da incerteza

A queda nas ações da Azul puxou para baixo o desempenho da Bolsa, que vinha de um dia positivo na terça-feira. O Ibovespa fechou o último pregão com alta de 1,02%, mas não conseguiu manter o ritmo após o anúncio da companhia.

Além disso, outros fatores também influenciaram o desempenho do mercado nesta quarta-feira. Um deles foi a espera pelos dados do Caged, que traz informações sobre o emprego formal no Brasil. Outro ponto de atenção é a ata da última reunião do Banco Central dos Estados Unidos, que pode indicar os próximos passos em relação aos juros por lá.

Dólar avança em meio à cautela

Enquanto a Bolsa recuava, o dólar registrava alta e refletia o comportamento mais cauteloso dos investidores. A moeda norte-americana era negociada por R$ 5,67, com alta de 0,59% no início do dia.

Esse movimento é comum em momentos de incerteza econômica. Quando há dúvidas sobre o rumo do mercado, muitos investidores preferem ativos considerados mais seguros, como o dólar, o que eleva sua cotação no Brasil.

Inflação controlada ajuda, mas não resolve

Na véspera, um dado importante trouxe certo alívio: o IPCA-15, uma prévia da inflação oficial, veio abaixo do esperado, com alta de 0,36% em junho. Isso reforça a ideia de que a inflação está mais controlada e pode abrir espaço para o Banco Central reduzir os juros em breve.

Mesmo assim, esse sinal positivo não foi suficiente para conter o impacto negativo do anúncio da Azul nem a preocupação com o cenário fiscal brasileiro.

IOF e cenário fiscal seguem no radar

Outro ponto de atenção do mercado são as discussões no Congresso Nacional sobre o aumento do IOF para investimentos no exterior. A medida, anunciada pelo governo, enfrenta resistência e pode afetar a arrecadação federal.

O governo ainda não explicou como pretende compensar a queda na arrecadação, o que levanta dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais para 2025. O ministro Fernando Haddad afirmou que uma definição deve sair até o final da semana.

Olhar atento ao cenário internacional

No exterior, o destaque ficou por conta do adiamento das tarifas de 50% dos EUA contra produtos europeus. O gesto do presidente americano foi bem recebido pelos mercados e ajuda a reduzir um pouco as tensões comerciais globais.

Ainda assim, os investidores seguem atentos aos desdobramentos das negociações e às possíveis repercussões para a economia global.