O Supremo Tribunal Federal recebeu nesta quinta-feira (29) o depoimento de seis testemunhas ligadas ao ex-ministro Anderson Torres. A audiência faz parte da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Entre os convocados, cinco atuaram como ministros do governo de Jair Bolsonaro. O sexto, Adler Anaximandro, foi procurador federal e chegou a ser exonerado após participar de uma reunião suspeita em 2022.
Testemunhas falam sob clima tenso
A sessão começou cedo, às 8h, e teve momentos de tensão entre testemunhas, ministros da Corte e os advogados de defesa. A audiência faz parte da estratégia da defesa de Torres para tentar provar sua inocência diante das acusações que enfrenta.
As falas dos ex-ministros devem ajudar a esclarecer a suposta articulação de um plano que tentaria impedir a posse de Lula, eleito presidente em outubro daquele ano.
Acusações pesam contra Torres
O ex-ministro da Justiça é acusado pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Segundo a Polícia Federal, um documento chamado de “minuta de golpe” foi encontrado na casa de Torres.
Ele também chegou a ser preso no início de 2023 por possível omissão nos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Na época, ele comandava a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Moraes repreende testemunhas
Durante os depoimentos, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, interrompeu testemunhas em mais de uma ocasião. Um dos repreendidos foi Antonio Ramiro Lourenzo, ex-secretário executivo do Ministério da Justiça.
Ramiro afirmou que só ouvia a palavra “golpe” na imprensa. A resposta irritou Moraes, que reagiu com firmeza. Outro servidor, Rosivan Correia, também foi questionado ao tentar minimizar a autoridade de Torres sobre a Polícia Militar do DF.
Moraes lembrou sua própria experiência como secretário de Segurança em São Paulo e afirmou que, nesse cargo, existe comando direto sobre as forças de segurança.
Defesa tenta sustentar versão
A estratégia dos advogados de Torres foi ouvir testemunhas que pudessem confirmar a legalidade de suas ações ou ao menos relativizar sua responsabilidade. Contudo, as falas mostraram contradições e levantaram novas dúvidas.
Advogados insistem que não havia subordinação formal entre a Secretaria de Segurança e a Polícia Militar. Porém, a Corte deixou claro que essa relação, embora técnica, representa sim uma cadeia de comando.