Revista Poder

Após recuo no IOF, Haddad defende correções mais justas no sistema de tributos

Tabela do IR só será alterada em 2026 e causa impacto zero, afirma Haddad

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Ministro diz que só haverá equilíbrio fiscal com corte de privilégios e ajustes reais

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que o governo pode rever novamente o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo ele, o momento exige decisões firmes que combinem ajustes imediatos com reformas estruturais.

Durante conversa com jornalistas, Haddad deixou claro que não quer seguir com medidas provisórias. Para ele, é hora de pensar no longo prazo. Ele também defendeu a correção de distorções nos tributos cobrados dos bancos, que considera desiguais e ineficientes.

Pressão por alternativas sustentáveis

Após a tentativa frustrada de aumentar o IOF em maio, o governo enfrentou forte reação do mercado e resistência no Congresso. O recuo veio no mesmo dia. Desde então, o Executivo tenta construir uma nova proposta.

Com isso, o Congresso concedeu um prazo de dez dias para o governo apresentar um plano alternativo. O pacote deve substituir os ganhos que seriam obtidos com o aumento do IOF. Haddad afirmou que essa nova proposta será discutida diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além dos presidentes da Câmara e do Senado.

Reforma não pode ficar de lado

Haddad deixou claro que, para ele, não adianta mexer em um ponto e ignorar o restante. “Se for mudar o curto prazo, tem que mexer no longo também”, disse. Ele defende que qualquer alteração precisa vir acompanhada de regras claras, previsíveis e transparentes.

O ministro também descartou retomar a proposta de aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos neste momento. Isso porque a medida só poderia entrar em vigor após 90 dias, o que atrasaria o ajuste.

Cortar privilégios e rever gastos

Além do IOF e dos tributos do setor financeiro, Haddad reafirmou a necessidade de reduzir os benefícios fiscais. Esses incentivos somam cerca de R$ 800 bilhões por ano. Ele também reforçou que a equipe econômica está disposta a voltar a discutir a reforma administrativa.

Porém, segundo Haddad, nem toda mudança nesse tema significa economia. Algumas propostas em debate, como as ligadas à segurança pública, podem até aumentar os gastos. Por isso, ele defende começar pelos supersalários e pela aposentadoria dos militares, cujas propostas já foram enviadas ao Congresso.

“O que a Fazenda não pode é perder a iniciativa. Se deixarmos a acomodação falar mais alto, não vamos avançar”, afirmou o ministro Haddad.

Sair da versão mobile