
Durante o julgamento que investiga uma suposta tentativa de golpe, testemunhas relataram encontros entre o então presidente Jair Bolsonaro e comandantes militares. Os depoimentos ocorreram ao longo de duas semanas e revelaram discussões sobre medidas extremas, como estado de sítio e intervenção militar para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Encontros revelados por generais
O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, afirmou que Bolsonaro o convidou ao Palácio da Alvorada em dezembro de 2022. Lá, discutiram possíveis formas de rejeitar o resultado das eleições. “Alertei ao senhor presidente que isso poderia gerar implicações jurídicas graves”, afirmou o general, que repetiu o mesmo conteúdo à polícia.
Outro depoimento de peso veio do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior. Ele afirmou ter dito diretamente a Bolsonaro: “Aconteça o que acontecer, no dia 1º o senhor não será mais presidente”.
Inteligência já previa os riscos
Além dos generais, o então vice-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, confirmou que alertou os órgãos federais antes do 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, as mensagens enviadas desde o dia 6 apontavam uma intenção clara de invadir o Congresso. Mesmo assim, a operação contra os acampamentos só ocorreu um dia após os ataques.
O general Júlio Cesar de Arruda, que assumiu o Exército logo depois da eleição, justificou a demora alegando um “clima de nervosismo” em Brasília. Ele disse que buscou uma ação conjunta com as demais forças para evitar confrontos.
Tarcísio nega qualquer plano
Em defesa do ex-presidente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nunca ter ouvido Bolsonaro falar sobre golpe. “Estive com ele diversas vezes em novembro e dezembro. Jamais tocou nesse assunto”, garantiu. Segundo Tarcísio, o ex-presidente estava apenas “triste e resignado” após perder as eleições.