Em gravação, Metaleiro orienta ações para derrubar Augusto Melo no Corinthians

Metaleiro, ex-Gaviões, é denunciado após ameaçar Augusto Melo e liderar tentativa de impedir sua permanência na presidência do Corinthians

Foto: Reprodução / Rodrigo Gazzanel e Gustavo Vasco

Por Jair Viana

No último sábado, dia 31, a sede do Sport Club Corinthians Paulista foi palco de uma situação tensa, que envolveu o ex-presidente da Gaviões da Fiel, Douglas Deungaro, conhecido como Metaleiro. Ele foi acusado de intimidar Augusto Melo, atual presidente interino do clube, levando à sua denúncia às autoridades policiais.

A crise política que assola o Corinthians atingiu novos níveis de gravidade no final de semana passado. Metaleiro, figura central nas articulações contra Melo, se destacou por seu papel agressivo ao lado do presidente interino Osmar Stabile e do presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior. Acusações de tentativa de “golpe institucional”, ameaças de morte e invasões na sede do clube marcaram essa fase conturbada.

Os objetivos de Metaleiro são claros: ele busca impedir a realização de uma assembleia que poderia consolidar a permanência de Melo em seu cargo. Nos bastidores, analistas políticos observam que a aliança entre Stabile, Tuma e Metaleiro está fundamentada no medo de uma possível derrota em um pleito onde a oposição não apresentaria votos suficientes para garantir a continuidade de Melo.

No dia 31 de maio, o Parque São Jorge tornou-se um cenário caótico. Em um vídeo veiculado pela Central do Timão, Metaleiro incitava torcedores a invadirem a sede do clube com o objetivo de “impedir a recondução de Augusto Melo”. Aproximadamente cinquenta pessoas atenderam ao apelo, provocando tumulto e exigindo a intervenção da Polícia Militar. Testemunhas relataram que Metaleiro proferia gritos e apontava ameaçadoramente para Melo durante o episódio. Posteriormente, Augusto registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão aos Delitos de Informática (DRADE), alegando ter recebido ameaças explícitas, incluindo declarações como: “Vou te matar, cortar sua cabeça e pendurar você e sua família”.

Enquanto os apoiadores de Melo tentavam tomar posse da sala da presidência, Metaleiro atuava como um agente político pressionando para que Stabile não deixasse seu cargo. Informações internas indicam que Stabile se manteve “duas horas sentado na cadeira”, simbolizando sua resistência à pressão exercida por Metaleiro.

Uma análise mais aprofundada revela uma coordenação estratégica entre Metaleiro, Stabile e Tuma Júnior. Em abril passado, já havia ocorrido um encontro tenso entre Metaleiro e outro ex-líder da Gaviões, Padinho, com Melo, onde exigiram esclarecimentos sobre um inquérito em andamento. O tom do encontro foi claro: caso Melo fosse indiciado, deveria renunciar ao cargo.

O boletim registrado por Augusto na DRADE destaca as táticas intimidatórias utilizadas por Metaleiro. Segundo Leonardo Pantaleão, representante jurídico do clube, ele teria liderado o cerco à sala presidencial, impedindo a saída de Stabile enquanto ameaçava Melo abertamente em frente à imprensa — uma ação que exacerbou ainda mais a crise institucional enfrentada pelo Corinthians.

Curiosamente, Metaleiro foi um dos maiores apoiadores de Melo durante as eleições realizadas em 2023. Sua mudança repentina para a oposição surpreendeu muitos observadores. Atualmente, ele se une a Stabile e Tuma Júnior na busca por recuperar sua influência dentro do clube. Em seus discursos recentes, tem solicitado “abertura dos links para ingressos” e “demissões em massa”, demandas típicas do grupo opositor.

A postura de Metaleiro também causou divisões dentro da Gaviões da Fiel. A convocação feita para o evento no sábado teve uma adesão abaixo das expectativas, evidenciando um desgaste interno considerável. Apesar das cobranças por declarações públicas pedindo a renúncia de Melo, as torcidas organizadas optaram pelo silêncio — temendo serem associadas às táticas violentas promovidas por Metaleiro.

A atuação de Metaleiro ilustra os aspectos sombrios da crise no Corinthians: intimidações, desinformação e manipulação política. Sua aliança com Stabile e Tuma Jr., inicialmente vista como estratégica, parece estar se deteriorando rapidamente. Stabile tem sido criticado por não condenar publicamente os excessos cometidos durante esses episódios tumultuosos. Por outro lado, Tuma Jr. omitiu qualquer menção a Metaleiro em sua carta oficial mais recente, demonstrando um comportamento oportunista em meio à crise.

Enquanto isso, o clube enfrenta sérios problemas financeiros: dívidas crescentes e potenciais punições pela FIFA se somam à guerra interna que compromete a tranquilidade dos torcedores corinthianos.

Metaleiro sintetiza essa situação complexa ao afirmar: “Um dia acontece que chega uma hora que não dá mais. O clube sangra todos os dias.” Uma declaração que agora ressoa como uma profecia autorrealizável dentro do contexto atual do Corinthians.

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