
Na manhã desta terça-feira (10), a cidade do Rio de Janeiro amanheceu em estado de alerta. Um confronto armado durante uma operação policial no Complexo de Israel, na zona norte, interrompeu a rotina de milhares de pessoas.
A capital fluminense entrou em nível 2 de alerta, em uma escala que vai de 1 a 5. O motivo foi a intensidade dos tiroteios, que se espalharam pela região e afetaram serviços essenciais.
Vias expressas interditadas
O impacto foi imediato. A Avenida Brasil e a Linha Vermelha, duas das principais vias expressas do Rio, foram fechadas temporariamente. As duas conectam diferentes pontos da cidade, incluindo a zona oeste, centro e Baixada Fluminense.
Durante o confronto, dois ônibus foram atingidos por tiros. Um passageiro e um motorista ficaram feridos, segundo informações da Federação das Empresas de Mobilidade (Semove).
Transporte paralisado e rotas alteradas
Além disso, o tiroteio suspendeu o funcionamento do BRT em trechos importantes da zona norte. O ramal Saracuruna da Supervia, entre Penha e Gramacho, também ficou interrompido.
Mais de 50 linhas de ônibus precisaram ser desviadas ou reduzidas, o que prejudicou ainda mais o deslocamento de quem precisava trabalhar ou estudar.
Escolas e unidades de saúde fechadas
A violência também afetou diretamente o setor público. A Escola Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila e outras 21 unidades da rede municipal de educação precisaram ser fechadas. As instituições estão localizadas em regiões como Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta e Cinco Bocas/Pica-pau.
Na saúde, sete unidades da rede municipal foram atingidas. Entre elas, quatro suspenderam totalmente as atividades e três reduziram os atendimentos, cancelando visitas domiciliares e ações externas.
Objetivo da operação
A Polícia Civil realizou a operação para cumprir mandados de prisão contra membros da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), que atua com controle armado no Complexo de Israel. Segundo a polícia, o grupo impõe o medo com barricadas, toque de recolher e uso de drones para vigiar a área.
Além disso, a facção intimida moradores, expulsa rivais e impõe regras ilegais na região. A polícia também identificou um grupo especializado em atacar aeronaves, como helicópteros usados em operações.
Clima de medo entre os moradores
Durante os tiroteios, moradores relatam o pânico ao ouvir os disparos e a dificuldade de se protegerem. Muitas pessoas ficaram presas dentro de casa, sem conseguir sair para trabalhar, estudar ou acessar serviços de saúde.
“As crianças não foram para a escola, a gente não consegue nem ir à padaria, é um absurdo viver assim”, relatou uma moradora da região.