
O dólar operou com leves oscilações nesta terça-feira (10), refletindo o alívio na inflação de maio e a espera por novas medidas fiscais do governo federal. Por volta das 14h, a moeda americana caía 0,04%, cotada a R$ 5,5599. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, subia 0,81%, alcançando os 136.805 pontos.
No dia anterior, o dólar fechou em queda de 0,14%, no menor nível desde outubro, enquanto a bolsa recuou 0,30%.
IPCA vem melhor do que o esperado
O dado mais comemorado do dia foi o IPCA de maio, índice que mede a inflação oficial no Brasil. A alta foi de apenas 0,26%, abaixo da projeção do mercado, que esperava 0,37%. O número indica uma desaceleração em relação a abril e ajuda a melhorar o humor dos investidores.
O principal impacto de alta veio da energia elétrica residencial, que subiu 3,62% com o retorno da bandeira amarela nas contas de luz. Em compensação, houve queda nos preços da gasolina, passagens aéreas, tomate e arroz, o que ajudou a segurar o índice.
Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada caiu de 5,53% para 5,32%, mas ainda está acima da meta do Banco Central, que é de 4,5%.
Governo busca saída para o impasse do IOF
Enquanto o dado da inflação trouxe alívio, o mercado segue atento às movimentações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tenta compensar a provável revogação do aumento do IOF, medida que havia sido anunciada para ajudar a equilibrar o orçamento.
Entre as alternativas em estudo, estão:
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Fim da isenção do Imposto de Renda para LCI e LCA, com nova alíquota de 5%;
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Aumento da taxação das apostas esportivas, de 12% para até 18%;
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Elevação da contribuição sobre o lucro das instituições financeiras.
A expectativa é que Haddad apresente o pacote ainda nesta semana, após reunião com o presidente Lula, que voltou recentemente de viagem à França.
Reação do mercado ainda é cautelosa
Mesmo com a tentativa de recompor a arrecadação, analistas avaliam que o governo deveria focar na redução de gastos e em reformas estruturais, em vez de aumentar tributos. A primeira proposta do IOF foi mal recebida e provocou forte reação no Congresso, que cogitou derrubar o decreto presidencial — algo inédito em décadas.
O Planalto tenta agora construir um novo acordo com o Legislativo para evitar um desgaste político maior.
China e EUA também mexem com os mercados
No cenário internacional, os investidores acompanham o segundo dia de reuniões comerciais entre Estados Unidos e China, que ocorrem em Londres. As duas potências tentam resolver a disputa sobre tarifas de importação e o acesso a minerais estratégicos, essenciais para a indústria tecnológica.
Apesar de sinais positivos, o clima ainda é de incerteza. Uma nova guerra comercial poderia elevar preços, aumentar a inflação global e até prejudicar o crescimento das principais economias do mundo.
Panorama até agora
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Dólar acumula queda de 2,73% no mês e -10% no ano;
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Ibovespa ainda está negativo no mês (-0,97%), mas sobe +12,82% no acumulado de 2025.