
Os fuzileiros navais desembarcaram em Los Angeles nesta terça-feira (10), em meio a protestos que já duram cinco dias contra as ações do governo federal na área de imigração. A ordem partiu diretamente do presidente Donald Trump, que decidiu reforçar a presença militar na cidade, apesar dos pedidos contrários das autoridades da Califórnia.
A chegada dos 700 soldados de elite eleva para quase 5 mil o número de militares mobilizados nas ruas da segunda maior cidade dos Estados Unidos. Até agora, os protestos eram majoritariamente pacíficos, mas já houve confrontos isolados, como no bairro de Little Tokyo, onde manifestantes lançaram sinalizadores e a polícia respondeu com gás lacrimogêneo.
Governador contesta envio
A reação do governador da Califórnia, Gavin Newsom, veio com força. Em comunicado nas redes sociais, ele chamou a decisão de Trump de “antiamericana” e afirmou que o estado irá à Justiça para barrar o envio dos militares.
“O presidente está usando nossos soldados contra nosso próprio povo. Isso é perigoso e ultrapassa qualquer limite aceitável”, escreveu Newsom.
A Procuradoria do estado já entrou com um processo contra a mobilização da Guarda Nacional, e um novo pedido deve ser protocolado contra o envio dos fuzileiros.
Protestos contra política migratória
A origem do conflito está na recente intensificação das batidas migratórias promovidas pelo governo federal. Agentes do ICE (serviço de imigração dos EUA) passaram a realizar prisões em massa, especialmente em locais de trabalho, o que gerou indignação entre os moradores e ativistas.
Com cartazes feitos à mão, manifestantes gritaram palavras de ordem como “Fora ICE de Los Angeles!” e “Não aos soldados!”. Muitos deles pertencem à comunidade latina, que representa milhões de pessoas na cidade e teme as ações federais.
Escalada autoritária?
Para especialistas, o uso de militares regulares em solo americano é uma medida extrema. “É incrivelmente incomum. Isso não acontece desde os anos 1960”, afirmou Rachel VanLandingham, professora de Direito em Los Angeles e ex-oficial da Força Aérea.
A legislação dos EUA proíbe o uso do exército como força policial, exceto em caso de insurreição. Mesmo assim, Trump avalia usar a Lei da Insurreição, o que lhe permitiria estender o uso de tropas em outras cidades do país.