Sem ataques, Bolsonaro se cala e evita embate com Moraes

Foto: Antonio Augusto/STF

O depoimento de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), trouxe poucas surpresas e muito controle emocional. Diferente do que muitos apoiadores esperavam, o ex-presidente evitou ataques, mostrou-se cordial e seguiu à risca a estratégia da defesa.

Com isso, Bolsonaro frustrou sua base mais radical, que ansiava por um confronto direto com o ministro Alexandre de Moraes. Em vez disso, o ex-presidente demonstrou humildade, pediu desculpas e até brincou, perguntando se Moraes aceitaria ser seu vice em 2026.

Estratégia jurídica prevaleceu

Os advogados de Bolsonaro deixaram claro que a melhor postura seria a tranquilidade. O ex-presidente atendeu esse pedido com precisão. Durante o depoimento, ele evitou provocações e preferiu se distanciar de declarações passadas.

Ao ser lembrado de falas polêmicas — como a acusação de que ministros teriam recebido propina —, Bolsonaro disse que se tratava apenas de “retórica” e “desabafo”. A resposta, embora evasiva, foi calculada para não criar mais tensões.

Admissão sutil da tentativa golpista

Mesmo mantendo um tom mais leve, Bolsonaro admitiu ter analisado alternativas para contestar o resultado da eleição. Segundo ele, isso ocorreu após o Tribunal Superior Eleitoral negar um recurso do PL que pedia a anulação do segundo turno.

Essa admissão foi suficiente para reforçar a tese da Procuradoria-Geral da República (PGR). Os ministros do STF já esperavam esse tipo de declaração. Para eles, a simples discussão de uma minuta golpista confirma o envolvimento na tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

Seguidores radicais se decepcionam

Enquanto Bolsonaro manteve a calma, parte de seus apoiadores reagiu com descontentamento. Muitos esperavam um discurso firme, em tom de enfrentamento. No entanto, o ex-presidente os chamou de “malucos”, referindo-se àqueles que ainda pedem intervenção militar.

Essa fala causou irritação em grupos bolsonaristas, especialmente entre os que ainda alimentam teorias conspiratórias. Para esses, a postura pacífica de Bolsonaro foi vista como fraqueza ou traição.