
O varejo brasileiro registrou uma queda de 0,4% nas vendas em abril, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (12) pelo IBGE. Apesar do recuo, o resultado veio melhor do que o esperado, já que analistas previam uma baixa de 0,8%.
Com esse desempenho, o setor interrompeu uma sequência de três meses seguidos de crescimento. Ainda assim, especialistas destacam que a retração não representa uma mudança drástica de trajetória, mas sim uma desaceleração natural, após fortes resultados anteriores.
Comparação anual continua positiva
Na comparação com abril do ano passado, o avanço foi de 4,8%, superando a expectativa de alta de 3,4%. Esse número reforça que, mesmo com as dificuldades atuais, o varejo ainda encontra apoio no consumo das famílias.
Segundo o IBGE, o mês de março marcou o maior nível de vendas desde o início da série histórica em 2000. Por isso, manter o ritmo alto em abril seria mais difícil. “A base de comparação era muito elevada”, explicou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
Inflação e juros pesam nas decisões de compra
O setor sente os efeitos de condições financeiras restritas. A inflação elevada e os juros altos dificultam o acesso ao crédito e limitam o poder de compra das famílias. Isso afeta especialmente os segmentos mais sensíveis a financiamentos, como o de móveis e eletrodomésticos, que caiu 0,3%.
O grupo de hiper e supermercados, que tem grande peso no indicador, também recuou 0,8%. “A inflação ainda impacta o setor, enquanto a renda cresce em ritmo mais lento”, observou Santos.
Alguns setores avançam, mesmo com cenário desafiador
Nem todos os segmentos registraram queda. Houve alta nas vendas de livros, jornais e papelaria (1,6%), artigos de uso pessoal (1,0%) e vestuário (0,6%). O setor farmacêutico também cresceu levemente (0,2%).
Esses dados mostram que, apesar da desaceleração, o consumo continua ativo em áreas específicas. O comportamento dos consumidores reflete a busca por equilíbrio entre necessidades e orçamento apertado.
Quando se considera o comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, material de construção e atacado alimentício, a retração foi ainda maior: 1,9%. Esse grupo é mais afetado por fatores como crédito caro e demanda reprimida, o que explica o resultado mais fraco.