Sem apoio para impostos, Lula busca diálogo com líderes do Congresso

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, no sábado (15), um aviso direto dos principais líderes do Congresso Nacional: não há clima político para aprovar aumento de impostos. Apesar disso, o governo decidiu manter sua estratégia e seguir com as negociações para tentar salvar parte das mudanças fiscais propostas.

Reunião com recado claro

Durante uma reunião no Palácio da Alvorada, os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e da Comissão de Finanças, Hugo Motta, disseram a Lula que o Congresso está disposto a ajudar no ajuste fiscal, mas sem aprovar novos tributos.

Segundo Motta, a pressão das bancadas aumentou após a apresentação de medidas como o novo decreto sobre o IOF e a medida provisória que altera a tributação de investimentos. Ele afirmou que mudou de posição após perceber que a proposta não tinha apoio nem mesmo entre aliados do governo.

IOF na mira da Câmara

Nesta segunda-feira (16), os deputados devem aprovar um pedido de urgência para votar o projeto que derruba o decreto do IOF. A análise do conteúdo deve ficar para depois do São João, o que dá ao governo duas semanas para negociar.

Durante esse período, os líderes esperam que o Executivo revogue tanto o decreto quanto a medida provisória. Eles alegam que não é o momento de discutir mais impostos, especialmente em um ano pré-eleitoral.

Pressão aumenta dos dois lados

Mesmo líderes governistas admitem que há pontos válidos nas propostas, mas reconhecem que o ambiente político não favorece a aprovação. Eles acreditam que será mais prudente discutir corte de gastos e eficiência do orçamento depois das festas juninas.

Já a equipe econômica argumenta que, sem o decreto e a MP, o governo será forçado a fazer bloqueios no orçamento, afetando inclusive emendas parlamentares.

Essa possibilidade foi apresentada como uma consequência inevitável, mas gerou reação negativa entre os deputados, especialmente os do Centrão. Eles avisaram que essa abordagem pode se virar contra o próprio governo.

Programas sociais em risco

Líderes parlamentares lembraram que, se o governo perder apoio, corre o risco de ver programas sociais travados e de enfrentar aumento da instabilidade fiscal. Isso poderia impactar diretamente o valor do dólar e dificultar o controle da inflação.

O temor entre parlamentares é de que o Executivo esteja forçando uma queda de braço que pode se transformar em uma derrota política e econômica.

Lula aposta no diálogo

Mesmo diante da pressão, o presidente Lula decidiu manter o canal de negociação aberto. A estratégia do Planalto agora é tentar salvar parte das propostas com apoio seletivo, evitando um revés completo.

A avaliação interna é que algumas medidas, como a nova forma de tributação de apostas e criptoativos, ainda têm espaço para avançar no Congresso.

Enquanto isso, o Ministério da Fazenda segue apresentando os ajustes como parte de um esforço por mais justiça tributária, prometendo não penalizar a população mais pobre.