Câmara aprova urgência para projeto que pode suspender decreto do IOF

Proposta que barra mudanças no imposto sobre operações financeiras vai direto ao plenário; votação pode ocorrer ainda nesta semana

Foto Lula Marques/ Agência Brasil
Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Texto deve ir direto ao plenário; votação pode ocorrer ainda nesta semana

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta segunda-feira (16), por 346 votos a 97, o regime de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 314/2025. O texto busca suspender os efeitos do decreto do governo federal que altera regras do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Com a urgência aprovada, o projeto não precisa passar pelas comissões. Assim, ele segue direto para votação no plenário, que deve ocorrer ainda nesta semana.

Mudanças previstas no decreto

O decreto presidencial, publicado na semana passada, faz parte de um pacote do Ministério da Fazenda para reforçar a arrecadação e cumprir as metas do novo arcabouço fiscal.

Entre as alterações previstas, estão:

  • O aumento da alíquota sobre apostas eletrônicas (as chamadas bets), de 12% para 18%;
  • O reajuste da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das fintechs, de 9% para 15%, equiparando-as aos bancos tradicionais;
  • A taxação de investimentos antes isentos, como LCI e LCA.

Deputados criticam aumento de tributos

Durante a sessão, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o clima na Casa é contrário a qualquer aumento de imposto com fins meramente arrecadatórios.

“O clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais”, declarou Motta.

O deputado Alex Manente (Cidadania-SP) também defendeu a urgência na tramitação. Para ele, o governo deveria focar em reduzir gastos, e não em elevar tributos.

“O país não suporta mais ver o governo aumentar impostos sem rever o custo da máquina pública”, criticou.

Base governista defende o decreto

Por outro lado, deputados da base do governo defenderam a medida. Eles afirmaram que o impacto será concentrado na camada mais rica da população, sem afetar os mais pobres.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da federação PT-PCdoB-PV, ressaltou:

“O trabalhador na ponta não sofre com essas mudanças. É uma medida que atinge o andar de cima.”

A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) também argumentou que o aumento é necessário para preservar gastos sociais.

“É preciso coragem para cortar os R$ 50 bilhões em emendas parlamentares. Isso equivale a cinco vezes o orçamento do Bolsa Família”, disse.

O que vem a seguir

O autor do pedido de urgência, deputado Zucco (PL-RS), justificou a proposta criticando os gastos do governo com diárias e viagens, citando R$ 7 bilhões — embora sem apresentar dados.

A votação final do PDL ainda não tem data confirmada. Caso seja aprovado, o projeto pode anular os efeitos do decreto do governo e forçar a busca por outras soluções para aumentar a arrecadação sem elevar impostos.

 

Fonte: Agência Brasil