Com trégua no exterior e tensão no Congresso, dólar cai e mercado reage

Dólar rompe barreira dos R$ 6 enquanto Ibovespa sente pressão negativa
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O dólar comercial recuou nesta quinta-feira (26) e foi cotado a R$ 5,51, por volta das 11h40. A queda ocorre após a confirmação da trégua entre Irã e Israel e a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso Nacional. Ao mesmo tempo, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançava 0,70%, alcançando 136.722 pontos.

Fatores que influenciaram a queda do dólar

O mercado financeiro respondeu a uma combinação de eventos. No Brasil, o Congresso rejeitou o decreto do governo que aumentava o IOF, o que gerou um impasse entre Executivo e Legislativo. A medida deve causar perda de arrecadação de R$ 10 bilhões e forçar cortes no Orçamento de 2025.

Apesar do efeito fiscal negativo, a reação do mercado foi positiva. Isso porque os investidores veem a decisão como um freio à elevação de impostos, o que aliviou parte das tensões econômicas.

Tensão internacional dá uma pausa

Outro fator que influenciou a queda do dólar foi o acordo de cessar-fogo entre Irã e Israel, que entrou no terceiro dia. A notícia trouxe alívio aos mercados globais, que temiam uma escalada do conflito e seus efeitos sobre o preço do petróleo e outras commodities.

Com a trégua, os investidores voltaram a buscar ativos de maior risco, como ações em bolsas emergentes. Essa movimentação ajudou a fortalecer o real e a impulsionar o Ibovespa.

IOF derrubado no Congresso

A derrota do governo no Congresso foi rápida. A Câmara dos Deputados aprovou a derrubada do aumento do IOF por 383 votos a 98. Pouco depois, o Senado confirmou a decisão. A articulação liderada por Hugo Motta e Davi Alcolumbre mostrou força do Legislativo frente ao Planalto.

Agora, o governo estuda recorrer ao STF para tentar reverter a decisão. Enquanto isso, analistas avaliam que mais bloqueios de gastos devem ocorrer ainda neste ano.

Inflação segue sob controle

O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,26% em junho, abaixo dos 0,36% de maio. No acumulado de 12 meses, o índice chegou a 5,27%. O destaque foi a queda nos alimentos, que recuaram pela primeira vez em nove meses.

Esse resultado ameniza a pressão sobre a política monetária e ajuda a manter o otimismo nos mercados.

Olhares voltados para os Estados Unidos

Apesar do alívio momentâneo, o mercado continua atento ao cenário externo. O presidente Donald Trump voltou a pressionar o presidente do Fed, Jerome Powell, exigindo cortes nos juros. Segundo o jornal Wall Street Journal, Trump considera substituir Powell antes do fim de seu mandato, o que levantou dúvidas sobre a autonomia do banco central americano.

Além disso, o prazo para o tarifaço comercial de Trump expira nos próximos dias. Caso não haja acordo com outros países além do Reino Unido, os EUA podem retomar tarifas elevadas, o que ameaça o crescimento global.

PIB dos EUA e emprego preocupam

Outro dado importante veio do Departamento de Comércio dos EUA. O PIB do primeiro trimestre caiu 0,5%, após revisão. O número decepcionou os analistas, que esperavam manutenção da estimativa anterior.

Além disso, os pedidos de auxílio-desemprego caíram levemente, mas o número de pessoas ainda recebendo o benefício subiu. Isso mostra dificuldade na recolocação de trabalhadores, um sinal de que o mercado de trabalho americano está enfraquecendo.