Revista Poder

Lula defende Mercosul e rebate críticas de Milei durante cúpula na Argentina

Presidente brasileiro assume comando do bloco e reforça papel estratégico na economia global

Cúpula do Mercosul na Argentina - Foto Reprodução Internet/ Foto: Luis Robayo/ AFP

Durante a cúpula do Mercosul realizada nesta quinta-feira (3) em Buenos Aires, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu as críticas feitas por seu homólogo argentino, Javier Milei, ao bloco econômico. Para Lula, o Mercosul representa uma proteção importante para os países da região frente às disputas comerciais globais.

“Estar no Mercosul nos protege. Nossa tarifa externa comum nos blinda de guerras comerciais alheias. Nossa robustez institucional nos credencia perante o mundo com parceiros confiáveis”, afirmou Lula, após assumir o comando rotativo do bloco pelos próximos seis meses.

Milei critica “cortina de ferro” do Mercosul

Em contraste, o presidente argentino voltou a criticar a estrutura atual do Mercosul, afirmando que a burocracia e as barreiras comerciais acabaram prejudicando a população dos países membros.

“Essa barreira comercial, que um dia nos pareceu útil, nos isolou da competição global e penalizou os cidadãos com produtos e serviços mais caros e de menor qualidade”, disse Milei, que defende a adoção de medidas de liberalização comercial.

Foco em acordos internacionais e integração regional

Lula, por outro lado, destacou a necessidade de reforçar o comércio regional e ampliar os acordos com parceiros externos. O presidente brasileiro disse estar confiante na assinatura de acordos com a União Europeia e a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio) ainda em 2025.

Ele também sinalizou interesse em negociar com Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e República Dominicana, além de atualizar acordos já existentes com Colômbia e Equador.

Mercosul deve olhar para a Ásia, diz Lula

Em meio ao cenário de guerra tarifária entre Estados Unidos e China, Lula defendeu uma reorientação estratégica do bloco para os países asiáticos.

“É hora de o Mercosul olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial. Precisamos nos aproximar de Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia para fortalecer nossa presença nas cadeias globais de valor”, declarou.

Transição energética e combate ao crime organizado

Outro ponto abordado por Lula foi o papel da América do Sul na transição energética. Segundo ele, os países do Mercosul já possuem matrizes energéticas mais limpas e podem liderar a transformação rumo a uma economia verde.

Ele também destacou a importância de ações coordenadas no combate ao crime organizado e na atração de investimentos em tecnologia e inovação.

Desafios internos e futuro do bloco

O bloco enfrenta divergências internas, como a intenção de alguns países de firmarem acordos comerciais de forma independente. O ex-presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, por exemplo, tentou negociar diretamente com a China. A questão permanece sensível dentro do grupo.

Ao final da cúpula, Lula e Milei trocaram cumprimentos protocolares. Apesar das diferenças, ambos reforçaram o compromisso institucional com o Mercosul — mesmo que por caminhos distintos.

 

Fonte: Globo

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