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Governo Lula cobra EUA por tarifas e reforça disposição para negociar

Governo Lula cobra EUA por tarifas e reforça disposição para negociar

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O Governo Federal divulgou na quarta-feira (16) o envio de uma nova carta aos Estados Unidos. No documento, o Brasil expressa indignação com a tarifa de 50% anunciada sobre produtos nacionais. Além disso, cobrou uma resposta à proposta de negociação encaminhada ainda em maio, que até agora permanece sem retorno.

A correspondência foi assinada na terça-feira (15) pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também chefia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Os destinatários são o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e o representante de Comércio, Jamieson Greer.

Proposta anterior permanece ignorada pelos americanos

Conforme informou o governo, a primeira carta trazia uma proposta confidencial com alternativas para superar o impasse tarifário. No entanto, desde então, o governo norte-americano não apresentou qualquer resposta formal.

Enquanto isso, desde o anúncio das tarifas por Donald Trump no início do ano, Alckmin e Vieira tentam manter canais diplomáticos ativos com Washington. Reuniões foram realizadas com autoridades norte-americanas, incluindo os próprios Lutnick e Greer.

Carta destaca impactos negativos e ameaça à parceria bilateral

O novo documento brasileiro critica duramente a decisão norte-americana. “O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto”, afirma o texto.

O comunicado também ressalta o prejuízo que a medida pode gerar em ambos os países. “A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, completa a carta.

Governo reforça interesse no diálogo e em solução negociada

Apesar do tom crítico, o Brasil mantém aberta a possibilidade de entendimento. Dessa forma, a carta propõe retomar as conversas com o objetivo de minimizar os danos e preservar os vínculos comerciais.

“[Dialogar] com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”, acrescenta o documento.

EUA ainda não demonstraram interesse em negociação

Segundo fontes do governo ouvidas pela GloboNews, até esta quarta-feira (16), o governo Trump ainda não procurou o Brasil para discutir a nova tarifa. O silêncio preocupa autoridades brasileiras e aumenta a tensão diplomática.

Na semana passada, ao anunciar a medida, o presidente Donald Trump enviou uma carta ao presidente Lula. No texto, ele afirmou erroneamente que os Estados Unidos enfrentam uma relação comercial desfavorável com o Brasil. Contudo, dados oficiais demonstram o contrário: os EUA vendem mais ao Brasil do que compram.

Déficit brasileiro com os EUA chega a US$ 410 bilhões

Na nova comunicação, Alckmin e Mauro Vieira contestam diretamente essa narrativa. Eles afirmam que o Brasil acumula, na verdade, sucessivos déficits nas trocas com os Estados Unidos. A desvantagem aparece tanto em bens quanto em serviços.

Ainda segundo a carta, dados oficiais dos próprios EUA indicam que, nos últimos 15 anos, o déficit brasileiro com o país chegou a quase US$ 410 bilhões.

Brasil cobra clareza sobre os motivos da decisão

Para tentar avançar nas conversas, o Brasil voltou a pedir esclarecimentos sobre os pontos de preocupação dos norte-americanos. “Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano”, destaca o documento.

Por ora, o governo brasileiro aguarda retorno. Ao mesmo tempo, tenta evitar que a disputa afete ainda mais as relações comerciais e diplomáticas entre os dois países.

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