Trump quer rosto no Monte Rushmore, mas projeto enfrenta críticas e limites geológicos

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O Monte Rushmore, localizado na Dakota do Sul, mostra os rostos de quatro ex-presidentes dos Estados Unidos: George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Theodore Roosevelt.

Agora, o presidente Donald Trump deseja se juntar a eles. Durante seu primeiro mandato, ele compartilhou esse sonho com a então governadora do estado. Como gesto simbólico, ela o presenteou com uma maquete do monte, incluindo seu rosto.

Congresso analisa proposta durante novo mandato

No início deste ano, o projeto voltou ao debate público. Em janeiro, um deputado da Flórida apresentou um projeto de lei que busca incluir o busto de Trump no memorial.

A proposta foi enviada ao Comitê de Recursos Naturais da Câmara. No entanto, o comitê ainda não se manifestou. A ausência de resposta gera incerteza sobre o avanço da ideia.

Especialistas alertam para riscos estruturais

A proposta enfrenta um desafio importante: a instabilidade do local. Geólogos afirmam que o tipo de rocha do Monte Rushmore dificulta a adição de novas esculturas. A formação mista da pedra não garante segurança.

Além disso, desde 1989, cientistas identificaram 144 fissuras, rachaduras e falhas em diferentes áreas da montanha. O risco de danos aumenta com qualquer intervenção.

“Uma das preocupações com um rosto adicional é que essas fraturas podem ser ativadas”, disse Paul Nelson, engenheiro geomecânico, ao The New York Times. Ele alertou que, se o novo rosto ficar ao lado de Abraham Lincoln, “poderia custar o nariz do ex-presidente”.

Apoio político existe, mas órgão técnico recusa

Apesar das críticas, aliados políticos defendem a ideia. Em março, o secretário do Interior, Doug Burgum, afirmou em entrevista à nora do presidente, Lara Trump, que “tem espaço” para a escultura.

Atualmente, Burgum também lidera o Serviço Nacional de Parques, órgão responsável pela supervisão do Monte Rushmore. Ainda assim, o próprio serviço rejeitou a inclusão de novos rostos.

Em nota oficial, o órgão destacou dois argumentos principais. O primeiro é que o monumento já é considerado uma obra concluída. O segundo é a falta de áreas seguras para novas esculturas.

“A parte esculpida do Monte Rushmore foi cuidadosamente avaliada e não há locais viáveis disponíveis para novas esculturas”, informou o serviço.

Criação original foi planejada para quatro homenagens

O artista Gutzon Borglum idealizou o memorial. Durante 14 anos, ele supervisionou pessoalmente a construção das esculturas. Sua intenção era representar os primeiros 150 anos dos Estados Unidos por meio de quatro figuras centrais.

Agora, com o país prestes a completar 250 anos, surgem novas propostas. Por outro lado, também cresce o receio de alterar um símbolo histórico.

Disputa envolve tradição, política e geologia

A discussão atual tem duas frentes: uma técnica e outra simbólica. Especialistas e ex-administradores do local veem riscos em ambas.

“Você não acrescentaria outro rosto ao Monte Rushmore de Borglum, assim como não acrescentaria um à ‘Última Ceia’ de Da Vinci”, declarou Dan Wenk, ex-superintendente do memorial, ao The New York Times.

Outros presidentes, como Franklin D. Roosevelt, John F. Kennedy e Ronald Reagan, já foram sugeridos anteriormente para o local. Em nenhum caso, porém, a proposta partiu do próprio presidente.

Trump se diferencia. Ele expressou diretamente o desejo e, como presidente, tem o poder de autorizar a obra. No entanto, enfrenta oposição técnica, resistência simbólica e obstáculos geológicos.