Frigoríficos brasileiros reagem a tarifa dos EUA e podem suspender exportações

Frigoríficos brasileiros reagem a tarifa dos EUA e podem suspender exportações
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Frigoríficos brasileiros avaliam suspender as exportações de carne bovina para os Estados Unidos. A possível paralisação responde à nova tarifa de 50% anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump. A decisão gerou reação imediata entre empresas do setor e foi confirmada por Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), à agência Reuters.

Atualmente, os Estados Unidos ocupam o segundo lugar entre os maiores compradores da carne brasileira. O país responde por 12% das exportações, ficando atrás apenas da China, que absorve 48% do volume total.

Indústrias do MS já interromperam produção

Empresas de Mato Grosso do Sul já deram o primeiro passo prático. Elas suspenderam a produção destinada ao mercado norte-americano, o que pode gerar impactos econômicos locais.

Jaime Verruck, secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) do estado, detalhou a medida:
— Nós estamos suspendendo o abate para o mercado americano. Temos produtos estocados que deveriam ir para o mercado americano e que não vão mais, e também estamos suspendendo o abate.

Além disso, Verruck explicou que o acúmulo de estoques exige redirecionamento urgente. O desafio é encontrar novos destinos para os produtos, o que pode levar tempo.

Oferta interna pode crescer, e preços podem cair

Diante do cenário, uma das saídas imediatas seria colocar esse excedente no mercado interno. Segundo Verruck, isso pode gerar efeitos diretos nos preços pagos ao consumidor e ao produtor:
— A consequência imediata é a necessidade de buscar novos mercados, o que pode ser um processo demorado.

Nesse contexto, o aumento da oferta dentro do país tende a reduzir o preço da carne para os consumidores. Por outro lado, o preço da arroba do boi pode cair, afetando os produtores rurais.

Indústrias buscam alternativas e replanejamento

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também se manifestou. Em nota, a entidade confirmou a decisão das indústrias de pausar temporariamente os envios aos Estados Unidos.

Além disso, a associação informou que o setor trabalha para reorganizar as cargas e adaptar a produção. O foco agora é encontrar mercados alternativos para atenuar os efeitos da queda nas exportações para os EUA.

Perspectivas seguem incertas para o setor

Enquanto a nova tarifa permanece em vigor, frigoríficos e autoridades monitoram os desdobramentos. O setor teme impactos duradouros se a situação não for revertida ou compensada por novos parceiros comerciais.

A interrupção das exportações pode modificar a dinâmica do mercado nacional. Por fim, especialistas acreditam que o Brasil precisará reforçar negociações com países da Ásia e do Oriente Médio como forma de equilibrar perdas.