Haddad mantém esperança de acordo com EUA e cobra abertura ao diálogo

Valter Campanato/Agência Brasil
Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (23) que ainda acredita na possibilidade de um entendimento com os Estados Unidos para evitar a entrada em vigor das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada por Donald Trump, está prevista para começar na quinta-feira (01).

No entanto, Haddad ponderou que a negociação só será possível se houver disposição mútua. “Para ter um acordo, precisa ter vontade recíproca. Espero que isso vá acontecer”, declarou.

Negociações com o Tesouro americano seguem travadas

Segundo o ministro, a equipe da Fazenda tem mantido conversas com técnicos do Tesouro dos Estados Unidos, mas os avanços até agora são limitados. “A informação que chega [do Tesouro dos Estados Unidos] é que o Brasil tem um ponto, o Brasil tem razão em querer sentar à mesa, mas que o tema está muito concentrado na assessoria da Casa Branca. Daí a dificuldade de entender melhor como vai ser o movimento de lá”, explicou Haddad.

Para ele, a falta de sinalização clara da presidência americana tem dificultado a construção de uma solução. Ainda assim, o governo brasileiro não descarta uma reviravolta de última hora. “Olha, nós tivemos boas surpresas em relação a outros países nos últimos dias. Então, nós podemos chegar à data do dia 1º com algum aceno e alguma possibilidade de acordo”, disse.

Fazenda prepara plano emergencial com outros ministérios

Diante da ameaça iminente das tarifas, os ministérios da Fazenda, Desenvolvimento, Comércio Exterior e o Itamaraty articulam um plano para proteger empresas exportadoras brasileiras que serão diretamente afetadas. Segundo Haddad, a proposta está em fase final de elaboração e será apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana.

O objetivo do governo é oferecer suporte às empresas atingidas e, ao mesmo tempo, manter a busca por uma solução diplomática com os Estados Unidos.

Brasil se espelha em acordos de outros países

Apesar das dificuldades, o ministro se mostrou otimista. Ele citou exemplos recentes de países que conseguiram negociar com o governo americano. “Eu estou vendo que a Europa e o Japão se movimentaram, a Indonésia e a Filipinas se movimentaram, Vietnã se movimentou. Então está acontecendo rodadas de negociação. Vai chegar a vez do Brasil. E nós temos que estar preparados para quando sentarmos à mesa, nós temos que expor o nosso ponto de vista com base técnica. Nós queremos um debate técnico”, afirmou.