Mais de 34 mil casos de hepatites virais foram diagnosticados no Brasil em 2024. As infecções causaram cerca de 1.100 mortes, de acordo com dados divulgados neste 28 de julho, Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.
A doença atinge o fígado e pode permanecer assintomática por anos, evoluindo para quadros graves como cirrose, fibrose ou câncer hepático. Os tipos mais comuns no país são a hepatite B e C.
Formas de transmissão
As hepatites A e E são transmitidas pela via fecal-oral, geralmente por ingestão de água ou alimentos contaminados. Já as hepatites B, C e D se espalham por contato com sangue contaminado, objetos de uso pessoal ou relações sexuais desprotegidas.
O infectologista Pedro Martins, da Afya Educação Médica, alerta:
“A hepatite A pode ser transmitida até mesmo no sexo oral com contato entre boca e ânus. Já os tipos B, C e D são comuns durante a penetração desprotegida.”
Vacinação é a principal forma de prevenção
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente vacinas contra a hepatite A e B. A vacina contra a hepatite B também previne o tipo D, pois o vírus D só infecta quem já tem hepatite B.
A vacinação infantil é essencial. A primeira dose contra a hepatite B deve ser aplicada ainda na maternidade, seguida por três reforços aos 2, 4 e 6 meses de idade. Gestantes que não têm comprovação vacinal também devem se imunizar.
Resultados positivos da imunização
A vacina vem dando resultados. Entre 2013 e 2024, a taxa de detecção da hepatite B caiu de 8,3 para 5,3 casos por 100 mil habitantes. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Renato Kfouri, afirma que a erradicação é possível:
“O vírus da hepatite B só infecta humanos. Se vacinarmos 100% da população, acabamos com os portadores crônicos. Já acumulamos mais de 30 anos de vacinação no Brasil, o que nos aproxima de uma geração livre da hepatite B.”
Queda expressiva da hepatite A em crianças
A inclusão da vacina contra a hepatite A no calendário infantil, em 2014, reduziu drasticamente os casos. Em 2013, 903 crianças menores de 5 anos foram infectadas. Em 2024, esse número caiu para apenas 16 casos — uma redução de 98%.
No entanto, os casos entre adultos jovens, principalmente homens de 20 a 39 anos, estão em alta. O Ministério da Saúde identificou surtos entre homens que fazem sexo com homens. Por isso, desde maio, a vacina foi ampliada para usuários de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV).
Hepatite C: sem vacina, mas com alta taxa de cura
A hepatite C ainda não possui vacina. Mesmo assim, os avanços no tratamento são significativos. Em 2024, o Brasil registrou 19.343 novos casos da doença e 752 mortes.
Os antivirais disponíveis hoje oferecem taxa de cura superior a 95%. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental. “Se tratada logo, a infecção tem poucas consequências. Mas, sem tratamento, pode evoluir para cirrose e câncer de fígado”, explica Pedro Martins.
Avanços, alertas e o que vem pela frente
A meta da OMS é reduzir a incidência das hepatites B e C em 90% e a mortalidade em 65% até 2030. O Brasil tem avançado graças à vacinação e à ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento. No entanto, manter altas coberturas vacinais e intensificar a conscientização são essenciais para vencer essa luta.
Fonte: Agencia Brasil