Revista Poder

Empresário preso na Lava Jato articula nome polêmico para comando da ANS

Foto: Redes Sociais

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Preso em 2020 pela Operação Lava Jato, o empresário José Seripieri Filho, ex-presidente da Qualicorp, voltou à cena política. Investigado por corrupção e caixa dois, ele atua nos bastidores para influenciar a escolha do novo diretor da Agência Nacional de Saúde (ANS). Seu objetivo é emplacar Wadih Damous, atual titular da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), no comando do órgão regulador.

A indicação provoca preocupação entre parlamentares e especialistas. Isso porque Damous acumula histórico de ataques a mulheres, má gestão e postura considerada incompatível com cargos de alta responsabilidade pública.

Episódio de machismo exposto

De acordo com o Diário de S. Paulo, um dos casos mais lembrados ocorreu quando, insatisfeito com uma decisão da senadora Ana Amélia Lemos, Damous afirmou que ela deveria “comer alfafa”. A fala foi considerada ofensiva e reveladora de desprezo pela autoridade feminina. Para críticos, o episódio reforça o risco de nomear alguém com esse perfil para liderar a ANS.

Gestão contestada e inação na Senacon

À frente da OAB-RJ, Damous conduziu a entidade durante o colapso financeiro do plano de saúde dos advogados no Rio de Janeiro. Já na Senacon, manteve-se inerte diante de abusos no setor. Quando a Amil cancelou, sem justificativa, milhares de contratos de idosos, Damous não tomou providências efetivas.

Esse comportamento levanta dúvidas sobre sua capacidade de garantir direitos dos consumidores. Além disso, a ANS exige liderança técnica e comprometida, especialmente em um cenário de constantes conflitos entre usuários e operadoras de planos de saúde.

Encontro com investigados do INSS

Outro ponto sensível envolve um encontro no dia 4 de junho de 2024. Damous se reuniu com Alessandro Stefanutto, Virgílio Oliveira Filho e André Fidelis. Todos são investigados na Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.

As investigações apontam que o grupo teria causado prejuízo de mais de R$ 6 bilhões a aposentados do INSS, grande parte durante o governo Lula. A suspeita envolve descontos indevidos e atuação de entidades e sindicatos ligados à fraude.

Risco para a credibilidade da ANS

A ANS, vinculada ao Ministério da Saúde, está sob comando interino de Carla de Figueiredo Soares. Conhecida pela competência técnica e postura respeitosa, ela representa o oposto do perfil atribuído a Damous.

Enquanto outras indicações, como a de Leandro Safatle para a Anvisa, se baseiam em experiência e preparo técnico, a de Damous chega marcada por polêmicas. Cabe ao relator Sérgio Petecão (PSD-AC) e à Comissão de Assuntos Sociais do Senado avaliar não apenas o currículo, mas também o caráter do indicado.

Sabatina decisiva

A sabatina de Damous no Senado está marcada para quarta-feira (13). Diante de seu histórico, especialistas defendem que a análise seja rigorosa e sem condescendência.

Se aprovado, o recado, segundo críticos, será inequívoco: o machismo e a falta de decoro continuam tendo espaço no alto escalão da administração pública brasileira.

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