
Queda nas vendas ao mercado americano
Entre janeiro e julho deste ano, o Brasil exportou 3,7 milhões de sacas de café para os Estados Unidos. O volume representa queda de 18% em relação ao mesmo período de 2024, segundo relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgado na terça-feira (12).
A redução já era esperada. Em 2024, o Brasil registrou volumes recordes de exportação, tanto para os EUA quanto para outros mercados, o que reduziu os estoques disponíveis no país.
Tarifas ainda não impactaram os números
De acordo com o Cecafé, a queda registrada até julho não reflete o tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano Donald Trump em agosto. A taxa passou a valer apenas no dia 6 daquele mês.
Antes disso, em abril, os EUA já haviam aplicado um acréscimo de 10% sobre produtos brasileiros. Em julho, veio a tarifa extra de 40% para diversas mercadorias, incluindo o café.
Indústrias americanas aguardam negociações
“A partir de agora, as indústrias americanas estão em compasso de espera, pois possuem estoque por 30 a 60 dias, o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento”, afirma Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
“Porém, o que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor”, acrescenta.
Ele explica que, ao fechar um negócio, o exportador contrata junto a um banco um financiamento pré-embarque, o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC). Isso permite obter recursos antecipados. “Com a prorrogação dos negócios, o ACC não é cumprido e passamos a sofrer com mais juros, com taxas altas e custos adicionais”, alerta.
EUA seguem como principais compradores
Mesmo com a queda, os Estados Unidos continuam como o maior mercado para o café brasileiro. De janeiro a julho, compraram 16,8% de todo o volume exportado pelo país.
Por esse motivo, o Cecafé atua junto ao governo brasileiro e ao setor privado dos EUA para tentar incluir o café na lista de isenção tarifária. A entidade também mantém diálogo com governos estaduais e federal para criar medidas compensatórias.
China como alternativa?
Neste mês, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem café para o país. No entanto, Ferreira pondera que muitos desses exportadores já atuavam no mercado chinês.
Ele avalia que a novidade “não necessariamente” vai aumentar os embarques. “Observamos atentamente o potencial de crescimento do consumo chinês, mercado que importou 571.866 sacas de janeiro a julho e ocupa a 11ª posição no ranking dos principais parceiros dos cafés do Brasil em 2025”, afirma.
“Esse credenciamento por cinco anos é positivo do ponto de vista de desburocratização, mas, por si só, não representa nenhum aumento de exportações à China”, conclui.