O mercado europeu de futebol vive uma revolução financeira: clubes usam as taxas de transferência de jogadores como garantia para acessar linhas de crédito, movimentando bilhões a cada temporada. Nesta temporada, os gastos com contratações superam US$ 5 bilhões no hemisfério Norte, e o modelo atrai atenção de grandes instituições financeiras, como Apollo Global Management e Blackstone.
Segundo Tristram Leach, chefe de crédito da Apollo na Europa, “o mundo dos esportes parece estar atraindo cada vez mais dinheiro, oferecendo uma relação risco-retorno convincente”. Historicamente, esse tipo de operação envolvia apenas credores especializados, mas o interesse das grandes gestoras cresce a cada ano.
Alguns clubes menores, frequentemente operando no prejuízo, encontram nas vendas de jogadores uma fonte essencial de financiamento. Os recebíveis de transferências — pagamentos parcelados ao longo de vários anos — permitem monetizar fluxos de caixa futuros e viabilizar novas negociações, criando uma tábua de salvação financeira.
As seis principais ligas da Europa registraram vendas de jogadores superiores a € 5,1 bilhões até agora, enquanto clubes reportaram perdas líquidas de € 1,2 bilhão em 2023. “O mercado de recebíveis ajuda a reduzir a lacuna de financiamento entre clubes grandes e pequenos, viabilizando negócios sem restrições de liquidez”, explica Francesco Filia, CEO da Fasanara Capital.
À medida que os negócios tradicionais de empréstimos diretos desaceleram, a dívida lastreada em transferências de jogadores surge como alternativa estratégica para o crédito privado, oferecendo segurança e potencial de retorno atrativo. Para Apollo e outras gestoras, o setor representa não apenas uma oportunidade de investimento, mas uma porta de entrada para um mercado em expansão, onde talento e finanças se encontram.
Fonte: Bloomberg Línea