As empresas chinesas do setor de veículos elétricos investiram mais no exterior do que no mercado interno em 2024, marcando uma mudança histórica na estratégia de investimentos. Segundo relatório da Rhodium Group divulgado nesta segunda-feira (18), cerca de US$ 16 bilhões foram direcionados a projetos estrangeiros, principalmente na produção de baterias, superando os US$ 15 bilhões aplicados no país.
A mudança reflete um mercado doméstico saturado e uma longa guerra de preços que tem comprimido margens ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Além disso, a expansão internacional permite contornar tarifas punitivas na Europa e nos EUA e atender à demanda por produção local por parte de clientes estrangeiros.
Cerca de 75% dos investimentos no exterior vieram de fabricantes de baterias, incluindo Contemporary Amperex Technology (CATL), Envision Group e Gotion High-Tech, que seguem clientes como Tesla e BMW para atender à logística e às exigências de fornecimento local. A CATL já declarou que a expansão internacional é sua prioridade número 1, diante da intensa concorrência no mercado doméstico.
Outras montadoras, como BYD e Chery Automobile, também ampliam operações fora da China. A BYD mantém fábricas no Brasil e na Tailândia e planeja novas unidades na Turquia e Indonésia, enquanto a Chery anunciou uma fábrica de US$ 1 bilhão na Turquia.
Apesar do apelo estratégico, os projetos no exterior enfrentam custos mais altos, prazos mais longos e riscos regulatórios e políticos. Apenas 25% das fábricas anunciadas fora da China foram concluídas, contra 45% das nacionais. A BYD, por exemplo, suspendeu indefinidamente planos de construir uma grande unidade no México devido a tensões geopolíticas e incertezas comerciais.
A expansão internacional das empresas chinesas precisará equilibrar dinâmicas de demanda global desigual, resistência em mercados como a União Europeia e a preocupação de Pequim com transferência de tecnologia, perda de empregos e esvaziamento industrial, o que pode levar a controles mais rígidos sobre investimentos externos.
Fonte: Bloomberg Línea