
Enquanto o Brasil encara números alarmantes de feminicídio — com crescimento de 225% nos casos julgados entre 2020 e 2024 —, o promotor Vitor Petri, de Barueri, surpreendeu ao pedir a soltura de Fábio Seoane Soalheiro, acusado de assassinar sua companheira, Bruna Martello Carvalho, de 35 anos. O crime ocorreu em 3 de agosto, em Alphaville, e a vítima foi encontrada com marcas de agressão na cabeça e sinais de asfixia.
Segundo o Diário de S. Paulo, no pedido, o promotor alega que a causa da morte ainda não foi oficialmente confirmada, uma vez que laudos complementares estão em andamento. Porém, ignora o histórico violento de Soalheiro, que já tinha mandado de prisão em aberto por descumprir medida protetiva em Blumenau, além das evidências presentes: Bruna apresentava múltiplas lesões, o apartamento estava revirado com sangue e sinais de luta, e o acusado só acionou socorro cerca de oito horas depois, já com malas prontas, o que sugere tentativa de fuga.
Ainda assim, Petri afirma que a prisão preventiva representaria um “constrangimento ilegal” e sugere medidas mais brandas, como monitoramento eletrônico e restrição de viagens. A família de Bruna reagiu com indignação. Sua mãe declarou que, se ele tivesse sido preso antes, a filha estaria viva. A advogada da família reforça que o laudo preliminar já aponta sinais de asfixia, o que torna insustentável a alegação de falta de provas. Enquanto isso, a defesa do acusado se apoia no discurso do devido processo legal, como se medidas cautelares fossem suficientes diante da gravidade do caso.
O episódio escancara uma tendência perigosa: a naturalização da violência contra a mulher. Quando promotores e juízes priorizam tecnicismos em detrimento da proteção às vítimas, a mensagem transmitida é de impunidade. Se um homem com histórico de agressão, flagrado em circunstâncias de crime brutal, pode ser solto por ausência de laudos finais, que segurança resta às demais mulheres? A decisão do promotor Vitor Petri não é apenas um equívoco jurídico — é um golpe contra a luta contra o feminicídio. Enquanto a Justiça falha, a violência continua matando.