
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) classificou nesta terça-feira (26) como “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis” as declarações do ministro da Defesa e ex-chanceler israelense, Israel Katz, que criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais, chamando-o de “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas”.
Brasil cobra responsabilidade de Israel
Em nota oficial, o Itamaraty destacou que Katz, como ministro da Defesa, não pode se eximir de sua responsabilidade. O governo brasileiro reforçou que Israel deve prevenir e impedir atos de genocídio contra os palestinos, lembrando que operações militares no território de Gaza já causaram a morte de cerca de 63 mil palestinos, sendo um terço mulheres e crianças, com uso de fome como arma de guerra.
A crítica do MRE se intensificou após os bombardeios ao hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, que resultaram na morte de ao menos 20 pessoas, incluindo jornalistas e trabalhadores humanitários, e deixaram dezenas de feridos. “Espera-se do sr. Katz que, em vez de mentiras e agressões, assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque”, afirmou o ministério.
Conflito e contexto histórico
O conflito entre Israel e o Hamas remonta à disputa por territórios historicamente ocupados por diversos povos, incluindo hebreus e filisteus. Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, matando 1,2 mil civis e militares e fazendo centenas de reféns. Em resposta, Israel iniciou bombardeios e impôs cerco total à Faixa de Gaza.
Em fevereiro de 2024, Israel declarou Lula “persona non grata” após o presidente brasileiro classificar as mortes de civis em Gaza como genocídio. Na ocasião, o Brasil retirou seu embaixador de Tel Aviv e manteve o posto vago como gesto político.
Rebaixamento das relações diplomáticas
Recentemente, Israel decidiu rebaixar relações com o Brasil, após o Itamaraty não responder à indicação do diplomata Gali Dagan como novo embaixador em Brasília. A ausência do agrément é interpretada como recusa, e Israel retirou a indicação do representante.
Lula reforça críticas e defende reforma da ONU
O presidente Lula voltou a condenar o genocídio em Gaza, destacando que crianças estão sendo assassinadas “como se estivessem em guerra”, enquanto enfrentam fome e miséria no território. Durante reunião ministerial no Palácio do Planalto, Lula também defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU, para incluir países do Sul Global como membros plenos.
Acusações de antissemitismo
As críticas de Katz também se relacionam à saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organização criada para combater o antissemitismo. Katz acusou Lula de alinhar o país a regimes que negam o Holocausto, como o Irã. O Brasil aderiu à IHRA como membro observador em 2021 e se retirou formalmente em julho de 2025, após ingressar com ação judicial contra Israel na Corte Internacional de Justiça.
Fonte: Agência Brasil