Revista Poder

Carlyle negocia compra do negócio de revestimentos da BASF por €6 bilhões

Negociação bilionária pode redefinir foco estratégico da gigante química alemã

Foto Reprodução Internet

O grupo americano Carlyle desponta como o principal candidato para adquirir o negócio de revestimentos da BASF, em uma transação avaliada em cerca de €6 bilhões (US$ 7 bilhões). A informação foi divulgada pela Bloomberg News, com base em fontes próximas às negociações.

O movimento acontece após a desistência de um consórcio rival, liderado pela KPS Capital Partners, abrindo espaço para o avanço das tratativas exclusivas com a Carlyle. Segundo as fontes, as discussões estão em estágio avançado e um acordo pode ser fechado nas próximas semanas — embora ainda exista a possibilidade de a negociação não se concretizar.

Estratégia de reestruturação e foco em rentabilidade

A possível venda faz parte de um amplo plano de reorientação da BASF, conduzido pelo CEO Markus Kamieth, que busca reduzir a exposição da companhia aos altos custos de energia e priorizar áreas de maior rentabilidade.
A divisão de revestimentos, que inclui produtos automotivos OEM, repintura e tratamento de superfícies, registrou cerca de €4,3 bilhões em vendas em 2024.

Em linha com essa estratégia, a empresa já havia vendido, em fevereiro deste ano, seu negócio de tintas no Brasil para a Sherwin-Williams, em uma transação avaliada em US$ 1,15 bilhão.

BASF pode manter participação minoritária

De acordo com pessoas familiarizadas com o processo, a BASF pode optar por reter uma participação minoritária no negócio como parte do acordo, dependendo dos termos finais da operação. A empresa também contratou consultores financeiros para avaliar a melhor estrutura para a transação.

Outros interessados, como Lone Star Funds, Platinum Equity e a fabricante holandesa Akzo Nobel NV, também analisaram a oportunidade, mas não avançaram na disputa.

Setor químico europeu passa por realinhamento

A movimentação da BASF reflete uma tendência mais ampla entre as grandes companhias químicas e industriais da Europa, que têm buscado alienar ativos não essenciais para fortalecer áreas de crescimento e aumentar o retorno aos acionistas.

Empresas como DSM-Firmenich e BP seguem a mesma direção — a primeira, explorando a venda de sua unidade de nutrição e saúde animal; a segunda, avaliando propostas para o negócio de lubrificantes Castrol.

Além disso, a BASF também estuda uma possível listagem de sua divisão de produtos químicos agrícolas, avaliada em mais de €20 bilhões, o que reforça o movimento de reestruturação global da companhia.

Expectativa de decisão ainda neste trimestre

Um porta-voz da BASF confirmou que a empresa está analisando “opções estratégicas” para sua divisão de revestimentos e que uma decisão deve ser anunciada até o quarto trimestre de 2025. Já o Carlyle e a KPS preferiram não comentar oficialmente sobre o andamento das negociações.

Se concretizada, a venda representará um dos maiores acordos industriais do setor químico europeu nos últimos anos, marcando um novo capítulo na história da BASF — que busca equilibrar sua presença global diante de um cenário de energia cara e demanda industrial enfraquecida.

Fonte: Bloomberg Línea

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