Hamas anuncia fim da guerra com Israel e afirma ter recebido garantias de cessar-fogo permanente

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Após dois anos de conflito, o chefe do Hamas, Khalil Al-Hayya, anunciou nesta quinta-feira (9) o fim da guerra com Israel, afirmando ter recebido garantias dos Estados Unidos e de países árabes sobre um cessar-fogo permanente. O anúncio ocorre um dia após o acordo de paz mediado por Washington, Catar, Egito e Turquia, e representa o avanço mais significativo rumo à estabilidade na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em outubro de 2023.

Al-Hayya, que atuou como negociador-chefe nas tratativas, sobreviveu a um ataque israelense no Catar no mês passado. Segundo ele, a decisão foi resultado de meses de negociações e simboliza um “novo momento para o povo palestino”.

Cessar-fogo e libertação de reféns

O acordo prevê a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas até a próxima segunda-feira (13), incluindo os corpos das vítimas que morreram em cativeiro. Em troca, Israel se comprometeu a libertar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, entre eles condenados à prisão perpétua.

De acordo com o plano, as tropas israelenses deverão recuar de suas posições em Gaza e permitir o envio de ajuda humanitária — com alimentos, água e medicamentos — para as regiões mais afetadas. Segundo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o cessar-fogo deverá entrar em vigor em até 24 horas após a ratificação oficial pelo governo israelense.

Apesar do avanço, um dos principais entraves continua sendo a devolução dos corpos de reféns mortos. Autoridades da Turquia confirmaram a criação de uma força-tarefa internacional para auxiliar o Hamas a localizar os corpos desaparecidos em diferentes áreas da Faixa de Gaza.

Israel avalia acordo e debate transição

O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ainda se reúne para aprovar o acordo formalmente. O governo israelense exige que o Hamas deixe o controle político de Gaza e entregue suas armas, condição que o grupo afirma não aceitar.

A coalizão de Netanyahu também enfrenta pressão interna. O ministro de extrema direita Itamar Ben-Gvir ameaçou deixar o governo caso o Hamas não seja completamente desmantelado.

Enquanto isso, fontes das Forças de Defesa de Israel informaram que o país já iniciou uma redução gradual da presença militar em Gaza — de 75% para 57% do território —, como previsto no plano de paz.

O acordo mediado pelos EUA

O tratado, apresentado por Trump no fim de setembro, foi negociado com a mediação de Egito, Catar e Turquia. A proposta marca a primeira fase de um plano mais amplo para encerrar o conflito e estabelecer um novo modelo de governança na Faixa de Gaza, embora os detalhes ainda não tenham sido totalmente divulgados.

Trump, que deve visitar Israel nos próximos dias, classificou o acordo como “os primeiros passos concretos rumo à paz duradoura”. Segundo o governo americano, a meta é criar as condições para uma reconstrução gradual de Gaza e uma transição política supervisionada por uma coalizão internacional.

Dois anos de guerra e devastação

O conflito entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando o grupo terrorista lançou um ataque que matou mais de 1.200 pessoas e sequestrou 251. Desde então, segundo autoridades ligadas ao Hamas, mais de 60 mil palestinos morreram na Faixa de Gaza em decorrência dos bombardeios e operações militares.

Se confirmado, o cessar-fogo anunciado nesta semana poderá encerrar um dos períodos mais sangrentos da história recente do Oriente Médio, abrindo espaço para negociações políticas de longo prazo e a reconstrução da região.

 

Fonte: G1