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Correios buscam empréstimo de R$ 20 bilhões para equilibrar contas e retomar operações

Foto Reprodução Internet/ Marcelo Camargo

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) anunciou nesta quarta-feira (15) que está negociando um empréstimo de R$ 20 bilhões com instituições financeiras. O objetivo é recuperar a liquidez, sanar dívidas e retomar o ritmo operacional após doze trimestres consecutivos de prejuízo.

De acordo com o presidente Emmanoel Schmidt Rondon, no cargo há menos de um mês, o contrato de crédito ainda está em negociação.

“A gente precisa recuperar a liquidez da empresa para que possamos, por exemplo, pagar o Plano de Demissão Voluntária (PDV). Estamos conduzindo uma operação com bancos para captação de recursos”, afirmou.

Crise financeira prolongada

O balanço do primeiro semestre de 2025 mostrou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões, contra R$ 1,3 bilhão no mesmo período de 2024. Desde 2023, a estatal tem enfrentado queda de receitas, aumento de despesas e dificuldades de adaptação ao mercado logístico cada vez mais competitivo.

Segundo Rondon, os problemas decorrem da lentidão na modernização da empresa.

“Os Correios não se adaptaram de forma ágil a uma nova realidade. Essa falta de adaptação provocou o resultado negativo e a falta de caixa”, declarou.

Durante o último ano, a estatal consumiu 92% das aplicações financeiras disponíveis e contraiu um empréstimo emergencial de R$ 1,8 bilhão para sustentar o fluxo de caixa. Ainda assim, pagamentos foram atrasados a fornecedores, franqueadas e planos de saúde dos funcionários, o que afetou a prestação de serviços.

Plano de reestruturação

O plano de recuperação financeira dos Correios está dividido em três eixos principais:

Entre as medidas, a empresa pretende abrir um novo PDV, vender imóveis ociosos e renegociar contratos com grandes fornecedores. Também planeja lançar novos produtos para aumentar a receita e melhorar a eficiência logística.

Rondon destacou que a busca pelo crédito de R$ 20 bilhões faz parte de uma estratégia de reestruturação de longo prazo, que deve impactar o caixa entre 2025 e 2026.

Dívidas e obrigações adiadas

Em julho, os Correios oficializaram o adiamento de pagamentos que somam R$ 2,75 bilhões, medida tomada para preservar a liquidez da estatal. Entre os credores estão o INSS, Postal Saúde, Postalis, fornecedores e programas tributários.

A maior parte da dívida, segundo a empresa, refere-se a valores cujo atraso gera multa e juros, mas não interrompe as operações. Ainda assim, a situação pressionou o caixa e obrigou a estatal a priorizar pagamentos conforme “disponibilidade financeira”.

Histórico de cortes e ajustes

Em maio de 2025, a gestão anterior já havia implementado medidas emergenciais, como:

Apesar disso, segundo o novo presidente, as ações tiveram efeito limitado.

“As medidas anteriores foram emergenciais, não estruturantes. Agora, buscamos soluções que realmente reequilibrem a empresa a longo prazo”, afirmou Rondon.

Próximos passos

Com o empréstimo bilionário e a reestruturação em andamento, os Correios esperam retomar estabilidade financeira e modernizar seus serviços até o fim de 2026. O desafio, contudo, será equilibrar ajustes administrativos com inovação tecnológica, garantindo que a estatal volte a ser competitiva no setor logístico nacional.

Fonte: Globo

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