O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu uma taxação global sobre os super-ricos como forma de financiar o combate à crise climática e reduzir a desigualdade social. A proposta foi apresentada em uma carta enviada ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, durante a reunião anual das instituições, realizada em Washington.
Representado pela secretária de Assuntos Internacionais, Tatiana Rosito, Haddad propôs uma reforma tributária internacional progressiva e uma “nova globalização” baseada em critérios socioambientais. Segundo o ministro, “agora é a hora de os super-ricos pagarem sua parte justa de impostos”.
“O sistema tributário global continua inadequado, permitindo uma concentração de riqueza sem precedentes e facilitando a evasão fiscal em larga escala”, afirmou o documento.
Justiça fiscal e transição ecológica
A carta apresentada em Washington reforça a visão do governo brasileiro de que desigualdade e evasão fiscal são falhas estruturais da economia global. Segundo o texto, esses problemas comprometem a estabilidade econômica e a coesão social.
No plano interno, Haddad reafirma o compromisso do governo com uma política econômica centrada na consolidação fiscal com justiça social. O documento destaca a intenção de aumentar a progressividade da tributação sobre renda e patrimônio, rever isenções fiscais ineficientes e integrar metas de sustentabilidade ambiental às políticas públicas, por meio do Plano de Transformação Ecológica.
Apesar de não comparecer à reunião — o ministro permaneceu em Brasília para tratar de questões orçamentárias —, Haddad destacou que o equilíbrio das contas públicas deve ocorrer sem abrir mão da equidade.
Defesa do multilateralismo e crítica ao protecionismo
Em tom crítico, o documento expressa preocupação com o avanço de medidas unilaterais e protecionistas no comércio internacional. Segundo o texto, essas práticas “alimentam a incerteza e ameaçam o crescimento global”.
O governo brasileiro propõe “redobrar os esforços para construir uma nova globalização”, guiada por metas de sustentabilidade e inclusão. A carta também pede que o FMI e o Banco Mundial assumam um papel mais ativo na condução da transição para um sistema econômico estável e inclusivo.
“A economia global está navegando em águas desconhecidas”, alerta o documento, citando desafios como inflação persistente, juros elevados, envelhecimento populacional e crise climática iminente.
Política econômica e metas fiscais
O texto reafirma o “compromisso inabalável” do Banco Central com o controle da inflação e reconhece que os juros ainda estão em um nível contracionista. A carta ressalta, porém, que a economia brasileira mantém resiliência, com crescimento projetado de 2,4% para 2025, além de queda do desemprego e da desigualdade.
No campo fiscal, o governo prevê superávit primário de 0,25% do PIB em 2026, com elevação gradual até 1,25% em 2029, quando espera estabilizar a dívida pública.
Reforma do FMI e papel dos países emergentes
Por fim, o Brasil defende uma reforma estrutural na governança do FMI, com maior representatividade para países em desenvolvimento e transparência nas análises da instituição. O documento descreve o fundo como um “farol altamente valorizado”, mas cobra que o órgão atue com independência e equidade na avaliação dos impactos de políticas globais.
Para Haddad, fortalecer o multilateralismo e promover justiça tributária são passos essenciais para construir uma economia mundial mais verde, estável e inclusiva.
Fonte: Agencia Brasil
