O deputado estadual Lucas Bove (PL) foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo pelos crimes de lesão corporal, perseguição e descumprimento de medidas protetivas contra sua ex-esposa, a influenciadora Cíntia Chagas.
O MP também pediu a prisão preventiva do parlamentar, que teria ignorado determinações judiciais e continuado a manter contato com a vítima.
A denúncia, apresentada nesta quinta-feira (23), é mais um desdobramento de um caso que vem repercutindo desde 2024, quando Cíntia registrou boletim de ocorrência relatando violência física, psicológica e ameaças.
Agressão e descumprimento de ordem judicial
De acordo com o Ministério Público, as provas reunidas indicam conduta reiterada de violência e desrespeito às medidas protetivas, impostas para garantir a segurança da vítima. O órgão afirma que o deputado teria descumprido ordens da Justiça e que sua prisão é necessária para evitar novas violações.
“Trata-se de um caso de extrema gravidade, pois o investigado não apenas teria agredido a vítima, mas também desafiado as determinações judiciais que buscavam preservar sua integridade física e psicológica”, diz trecho da denúncia obtida pela imprensa.
O crime de lesão corporal no contexto de violência doméstica é previsto na Lei Maria da Penha e pode resultar em pena de até três anos de detenção, agravada em casos de reincidência ou descumprimento de medida protetiva.
Mau exemplo de quem deveria defender a lei
O caso causa forte reação pública por envolver um representante eleito, cuja função é justamente legislar e fiscalizar o cumprimento das leis.
Analistas apontam que a denúncia coloca em xeque a credibilidade da Assembleia Legislativa e da própria política paulista.
“Quando um deputado é acusado de agredir uma mulher e ainda desrespeita ordens judiciais, ele deixa de ser apenas um réu — torna-se símbolo do que o poder público não pode tolerar”, avaliou uma especialista em ética política.
A denúncia contra Bove reforça a discussão sobre violência doméstica praticada por autoridades públicas, um tema que ganha cada vez mais visibilidade diante da necessidade de coerência entre discurso e conduta.
Histórico do caso
Cíntia Chagas, conhecida comunicadora e escritora, denunciou o deputado em 2024, alegando violência física, psicológica e perseguição durante o relacionamento. A Justiça concedeu medidas protetivas e proibiu qualquer contato do parlamentar com a vítima.
Mesmo assim, o Ministério Público afirma que o deputado manteve comunicações indiretas e tentativas de aproximação, motivo que levou ao pedido de prisão preventiva agora apresentado à Justiça.
A defesa do deputado nega as acusações, afirma que não houve agressão física e que o processo sofre de “exposição indevida” de informações sob sigilo.
Reflexo político e social
A denúncia contra Lucas Bove reacende o debate sobre conduta e responsabilidade no exercício do mandato parlamentar. Grupos de defesa dos direitos das mulheres cobram que a Assembleia Legislativa adote medidas de afastamento e apuração ética imediata.
“Não é apenas um caso pessoal. Quando um deputado agride, ele também fere o compromisso que tem com a sociedade e com o exemplo que deveria representar”, disse uma integrante de um coletivo feminista da capital.
A lei e a coerência
O episódio reforça que ninguém está acima da lei — nem mesmo quem a cria.
O pedido de prisão preventiva do deputado Lucas Bove e a denúncia por lesão corporal e descumprimento de medidas protetivas evidenciam a importância de que casos de violência doméstica sejam tratados com rigor, independentemente da posição social ou política do acusado.
Enquanto o processo corre sob segredo de Justiça, o episódio já deixa uma marca profunda na imagem pública do parlamentar e no debate sobre moralidade e exemplo na vida pública.