Lula recebe título de Doutor Honoris Causa na Malásia e defende papel da educação no combate à desigualdade

Lula reforça defesa por uma nova ordem internacional baseada na cooperação entre países do Sul Global
Lula reforça defesa por uma nova ordem internacional baseada na cooperação entre países do Sul Global | Foto: Instagram

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu neste sábado (25), em Kuala Lumpur, o título de Doutor Honoris Causa em Desenvolvimento Internacional e Sul Global concedido pela Universidade Nacional da Malásia (UKM). A distinção reconhece a trajetória do líder brasileiro na promoção da inclusão social, no combate à fome e na defesa da cooperação entre os países em desenvolvimento.

Durante a cerimônia, Lula afirmou que o título simboliza um reconhecimento ao povo brasileiro. “Recebo o título com profunda emoção e sincera gratidão. Este diploma não é do Lula, é de 215 milhões de brasileiros”, declarou. O presidente destacou ainda que a homenagem reafirma sua crença na educação como instrumento de emancipação e transformação social.

“Tenho orgulho de ser o presidente que mais criou instituições de ensino técnico e superior, mesmo sem ter diploma universitário. E que abriu as portas das universidades aos filhos das classes trabalhadoras”, afirmou Lula, lembrando políticas de expansão do ensino superior durante seus mandatos.

A solenidade foi conduzida pelo sultão de Negeri Sembilan e reitor da UKM, Tuanku Muhriz. O vice-reitor da instituição, professor Sufian Jusoh, destacou que a homenagem representa o reconhecimento internacional ao legado do presidente brasileiro, especialmente na ampliação do acesso à educação. Ele ressaltou ainda o potencial de cooperação acadêmica entre Brasil e Malásia.

Em seu discurso, Lula disse esperar que o português do Brasil ecoe nos corredores da universidade malaia e defendeu o fortalecimento dos laços acadêmicos e científicos entre as duas nações. “Que o dia de hoje seja mais uma semente lançada para inspirar as novas gerações a sonhar, a questionar e a agir”, afirmou.

Ao abordar temas globais, o presidente criticou a desigualdade de poder no Fundo Monetário Internacional (FMI), classificando como “inaceitável” o fato de os países ricos terem nove vezes mais poder de voto do que as nações do Sul Global. Ele defendeu uma arquitetura financeira internacional mais justa e voltada ao desenvolvimento sustentável.

Lula também alertou para os riscos das mudanças climáticas, apontando que o modelo econômico atual aprofunda desigualdades e ameaça o futuro do planeta. “As mudanças climáticas podem levar até 132 milhões de pessoas à extrema pobreza até 2030. Falta tempo e vontade política para corrigir os rumos”, disse.

A passagem de Lula pela Malásia faz parte de sua viagem pelo sudeste asiático, que incluiu também compromissos na Indonésia. O presidente destacou que o fortalecimento do diálogo entre os países do Sul Global é essencial para construir uma nova ordem internacional baseada na cooperação, na solidariedade e na sustentabilidade.