Revista Poder

Brasil prioriza fim de tarifa de 40% em nova rodada com os EUA

Dólar pode recuar com aprovação de medidas fiscais no Congresso, diz Alckmin

Geraldo Alckmin | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governo brasileiro quer fazer do fim da tarifa extra de 40% sobre exportações para os Estados Unidos a prioridade nas negociações bilaterais que começaram nesta semana. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, reforçou nesta segunda-feira (27) que o foco é eliminar a sobretaxa que atinge cerca de 35% das exportações nacionais desde agosto — principalmente café, carne bovina e calçados.

“Retirar os 40% é o prioritário. O diálogo também envolve questões não tarifárias, como data centers e investimentos em tecnologia. O Brasil tem energia abundante e renovável, o que pode atrair empresas americanas. A aprovação da MP do Redata no Congresso é essencial para isso”, afirmou Alckmin, referindo-se ao programa que busca estimular investimentos no setor digital e de infraestrutura de dados.

A sobretaxa imposta pelos Estados Unidos se soma a um tributo anterior de 10%, em vigor desde abril, elevando a carga total a 50% para alguns produtos. O governo brasileiro trabalha agora na elaboração de uma proposta que convença Washington da urgência de rever as tarifas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna a Brasília na noite desta terça-feira (28) para acompanhar os próximos passos das negociações.

Do lado empresarial, há expectativa, mas também cautela. O presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), Abrão Neto, reconhece que o processo deve ser longo. “Sabemos que serão necessárias várias rodadas até chegar a um entendimento. O ideal seria suspender temporariamente o tarifaço enquanto os governos discutem o acordo. Esse senso de urgência é fundamental”, afirmou.

Segundo ele, o setor privado enxerga um ambiente político mais favorável após os recentes encontros entre Lula e Donald Trump, mas cobra que esse clima se traduza em resultados concretos. “É importante transformar esse diálogo em avanços reais para as exportações e em oportunidades de cooperação em áreas estratégicas”, completou.

Com o comércio bilateral sob pressão e setores produtivos em alerta, Brasília aposta no diálogo direto e em uma agenda técnica ampla para reequilibrar a relação econômica com Washington.

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