Revista Poder

Haddad diz que juros altos podem transformar “remédio em veneno” e defende queda da Selic

foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (4), em evento realizado em São Paulo, que a diferença elevada entre juros e inflação pode “transformar o remédio em veneno”.

Segundo o ministro, os bancos exercem pressão sobre o Banco Central para evitar a redução da taxa, mas a manutenção dos juros em patamares tão altos é insustentável. “Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair. Não tem como sustentar 10% de juro real, com a inflação batendo 4,5%. Você vai sustentar um juro de 15 em nome do quê?”, questionou.

Haddad disse ainda que, se fosse integrante do Copom, votaria pela queda da Selic. Para ele, juros excessivamente altos podem ter o efeito contrário ao esperado e acabar pressionando a inflação, ao dificultar investimentos que aumentariam a capacidade produtiva da indústria.

Defendendo a política econômica do governo, o ministro destacou que o Brasil deve encerrar o ano com a menor inflação acumulada em quatro anos desde o Plano Real, além de registrar o menor índice de desemprego da série histórica. Haddad também afirmou que o presidente Lula deixará o país com as contas públicas equilibradas.

“O melhor resultado fiscal em quatro anos desde 2015”, afirmou. “Eu fico lendo os jornais e comentaristas que eu não sei se são pagos pra isso. A impressão que dá é que estamos vivendo uma crise fiscal. É um delírio que eu precisava entender do ponto de vista psicológico, porque, do ponto de vista econômico, eu não consigo entender.”

Apesar das declarações, projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal, indicam que o governo deve encerrar o terceiro mandato de Lula com cerca de R$ 400 bilhões fora da meta fiscal.

Parte desses valores vem de exceções autorizadas pelo Congresso, como a PEC da Transição, o pagamento de precatórios, o socorro ao Rio Grande do Sul após as enchentes, o auxílio às empresas afetadas pelo tarifaço de Donald Trump e o aumento do orçamento da Defesa.

Mesmo com a meta fiscal mantida, o volume de despesas fora da regra deve levar o endividamento público a subir de 74% do PIB em 2023 para cerca de 82% em 2026.

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