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Wall Street prevê queda de até 15% nas bolsas e vê correção como movimento saudável

Foto: Freepik

Após meses de forte valorização nos mercados, executivos de grandes bancos de investimento dos Estados Unidos afirmam que uma correção de até 15% nas bolsas globais nos próximos dois anos seria um ajuste natural e saudável.

A avaliação foi feita por Ted Pick (Morgan Stanley), David Solomon (Goldman Sachs) e Mike Gitlin (Capital Group) durante um encontro organizado pela Autoridade Monetária de Hong Kong nesta terça-feira (4). O grupo defende que o mercado, embora apoiado em lucros corporativos sólidos, opera em níveis de valorização elevados, o que aumenta a probabilidade de uma reversão moderada.

Valuation esticado após alta expressiva

Desde abril, o S&P 500 acumula alta superior a 40%, negociando agora a 23 vezes os lucros futuros estimados — acima da média histórica de 20 vezes. O Nasdaq 100, fortemente concentrado em empresas de tecnologia, é avaliado em 28 vezes os lucros, patamar também acima da média recente.

Para Gitlin, o momento é de lucros consistentes, mas com preços que já refletem otimismo excessivo. Ele observa que os spreads de crédito também estão estreitos, reforçando a percepção de que o mercado atingiu um nível de pleno valor.

Ajuste esperado nos próximos 24 meses

Os executivos estimam que, ao longo dos próximos 12 a 24 meses, os mercados possam registrar quedas entre 10% e 15%, sem que isso represente uma mudança estrutural na tendência de alta iniciada nos últimos anos.
Para eles, esse tipo de correção faz parte do ciclo natural do mercado e pode até fortalecer o ambiente de investimento, abrindo espaço para uma nova rodada de valorização mais equilibrada.

Ted Pick destacou que, apesar de o risco sistêmico ter diminuído, há incertezas ligadas à política monetária dos EUA e ao cenário geopolítico global. Em sua visão, o foco dos investidores deve migrar gradualmente para os fundamentos das empresas a partir de 2026, com companhias mais sólidas se destacando.

Setor de tecnologia em alerta

Entre os setores, o de tecnologia é considerado o mais vulnerável a uma correção. Empresas ligadas à inteligência artificial, como a Palantir Technologies, vêm apresentando volatilidade acentuada.
Na terça-feira, os futuros do Nasdaq caíram até 1,4%, após uma queda de mais de 4% das ações da Palantir em negociações estendidas — reflexo das preocupações com as altas avaliações do setor.

Disciplina e foco no longo prazo

Mesmo com a perspectiva de retração, os executivos recomendam manter a disciplina de investimento e evitar estratégias de curto prazo. O Goldman Sachs reforça que seus clientes devem permanecer posicionados, revisando portfólios e ajustando alocações conforme o risco.

A leitura predominante é que quedas moderadas são parte de um ciclo saudável. Após o forte rali desde o início do ano, a eventual correção seria menos um sinal de crise e mais um processo de maturação dos mercados — necessário para sustentar o crescimento de longo prazo.

 

Fonte: Bloomberg Línea

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