Quando Bill Gates publicou sua recente carta aberta sobre ação climática, críticos rapidamente o acusaram de estar sendo brando em relação às mudanças climáticas. Mas a verdadeira história não é sobre recuar — é sobre redefinir como avançar. E ele está certo: mensagens baseadas no medo, por mais precisas que sejam, chegaram ao limite de sua eficácia.
Se quisermos impulsionar ações na escala necessária, precisamos de uma nova narrativa que envolva mais as pessoas, que não as sobrecarregue e que mostre como as soluções climáticas podem melhorar a saúde, fortalecer comunidades e promover o bem-estar financeiro.
Considere o que aconteceu nos últimos anos. No leste da China, a poluição do ar caiu à medida que uma enorme expansão de energia eólica, solar e limpa, combinada com políticas rígidas de controle da poluição, começou a reduzir a dependência do carvão.
No Brasil, quase 90% da eletricidade agora vem de fontes de energia limpa, permitindo que comunidades, de São Paulo a pequenas cidades na Amazônia, abasteçam suas vidas diárias com fontes renováveis.
Esses não são casos isolados de sucesso; refletem uma ação global que já reduziu a projeção de aquecimento futuro de cerca de 4°C para aproximadamente 2,7°C.
Estamos no caminho certo. Só em 2024, 92% de toda a nova capacidade elétrica adicionada no mundo veio de fontes limpas. Isso representa um recorde de 585 gigawatts que agora alimentam milhões de residências e empresas.
Pela primeira vez, a energia solar gerou mais eletricidade do que o carvão em toda a União Europeia. E, nos Estados Unidos, a rede elétrica da Califórnia atingiu 100% de energia limpa por várias horas na maioria dos dias deste ano — um marco que reflete um salto histórico no uso de energia renovável em todo o estado.
Esse progresso está no cerne da mensagem de Gates. Para construir uma coalizão mais ampla em prol da ação climática, é preciso ir além das narrativas baseadas no medo e focar no que as pessoas mais valorizam.
Fonte: Infomoney
