No calor seco de Marabá, a poeira do manganês volta a subir — não pelas máquinas de uma mineradora, mas pelas pás e escavadeiras de garimpeiros.
As áreas da Buritirama Mineração, que já sustentaram a maior produção de manganês da América do Sul, hoje são territórios em disputa entre acionista, a ilegalidade, e a omissão institucional dos bancos.
O que pouca gente percebe é que, no papel, a gestão dessas áreas está sendo conduzida, durante este período de disputas judiciais, por representantes do sistema financeiro, com pouca experiência de campo.
Em 2022, a Buritirama e seu acionista solicitaram à Justiça do Pará uma mediação com os bancos para equilibrar as contas e dar continuidade às atividades. A proposta foi estranhamente negada pelos bancos, liderados pelo Santander, sob comando do CEO Mário Leão, e pelo Itaú, de Milton Maluhy.
Os ativos avaliados em bilhões de reais — jazidas, máquinas, portos e licenças — foram congelados à espera de uma solução judicial e seguem sendo depredados e dilapidados.
Segundo uma fonte local: “A empresa passou anos construindo e preservando um patrimônio. Com a ingerência e a omissão dos bancos, as terras foram invadidas, a empresa perdeu toneladas de minério roubado e os ilegais tomaram conta de tudo. Parece que os bancos trabalharam para destruir a empresa por interesses escusos. Lavagem de dinheiro não é descartada.”
“A intervenção criou um vácuo. E, no lugar da operação produtiva, veio o gerenciamento financeiro”, resume um ex-consultor da Buritirama.
“Só que minério não se conserva em balanço — ele é explorado. E se o Estado não o protege, alguém o faz. E quem vai pagar todo esse prejuízo?”, concluiu.
Fonte: Folha de SP / Diário de SP