A cidade de Belém, no coração da Amazônia, tornou-se nesta segunda-feira (10) o centro das atenções do mundo ao sediar a abertura oficial da 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30). O evento, inédito na região amazônica, foi marcado por um discurso enfático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que classificou a realização da conferência na floresta como uma “proeza” e um ato de coragem diante dos desafios locais.
“Fazer a COP aqui é tão desafiador quanto combater a poluição do planeta”, afirmou Lula diante de líderes, cientistas e ativistas. “Poderíamos ter escolhido um lugar mais fácil, mas quisemos provar que, com disposição e compromisso com a verdade, nada é impossível.”
O presidente sublinhou que a crise climática deixou de ser uma ameaça futura para se tornar uma “tragédia do presente”, citando como exemplo o tornado que atingiu o Paraná na semana passada. Em tom crítico, defendeu que o mundo redirecione recursos hoje voltados para conflitos armados. “É mais barato financiar o clima do que a guerra”, disse, apontando que em 2024 os países gastaram trilhões em armamentos enquanto o financiamento climático segue aquém do necessário.
Lula também pediu uma reação firme contra o negacionismo e a desinformação. “A COP30 será a COP da verdade. É hora de impor nova derrota aos que desprezam a ciência, espalham medo e atacam as instituições”, declarou, em referência a movimentos e governos que minam o consenso científico sobre o aquecimento global.
Entre os temas destacados pelo Brasil está o combate ao racismo ambiental, incluído pela primeira vez em uma declaração internacional aprovada na cúpula de líderes na semana anterior. O documento liga justiça racial e ação climática — um marco reconhecido por diversos países e organizações da sociedade civil.
A ausência dos Estados Unidos, que não enviaram representantes de alto nível à conferência, chamou a atenção dos participantes. O presidente norte-americano, Donald Trump, não compareceu à Cúpula de Líderes realizada nos dias 6 e 7, e o país manteve distância das discussões iniciais desta semana.
Com mais de 50 mil participantes de todo o mundo, a COP30 prossegue até 21 de novembro. Após a abertura política, as próximas duas semanas serão decisivas: os negociadores terão de transformar promessas em compromissos concretos sobre transição energética, financiamento climático e proteção das florestas tropicais.
“Estamos na Amazônia para provar que é possível construir um futuro sustentável — mas isso exigirá coragem, solidariedade e ação imediata”, concluiu Lula, sob aplausos.
