O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu neste domingo (16) a possibilidade de manter conversas diretas com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em um momento de forte desgaste nas relações entre Washington e Caracas. Trump não detalhou quando as discussões poderiam ocorrer, mas afirmou acreditar que o governo venezuelano busca algum tipo de entendimento com os EUA.
A declaração surge enquanto as tensões militares aumentam no Caribe. Nas últimas semanas, o governo Trump reforçou operações navais e aéreas na região como parte da Operação Lança do Sul (Southern Spear), iniciativa apresentada pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, que passou internamente a ser tratado pela Casa Branca como “secretário de Guerra”. A ofensiva mobiliza o Comando Sul e uma força-tarefa voltada a interceptar organizações acusadas pelos EUA de movimentar drogas em rotas internacionais.
Somente neste domingo, militares norte-americanos realizaram o 21º ataque contra embarcações consideradas suspeitas no leste do Pacífico e no Caribe. A ação resultou na morte de três tripulantes, segundo informações divulgadas pelo próprio comando militar.
Em resposta ao aumento da pressão militar, Maduro voltou a defender um discurso de conciliação. Em um comício no estado de Miranda no sábado (15), o líder venezuelano pediu que Washington “abandone o caminho da agressão” e surpreendeu o público ao cantar “Imagine”, de John Lennon, como apelo simbólico por paz. A multidão acompanhou o coro, e Maduro reforçou: “É o momento de apostar na convivência e na esperança”.
A abertura verbalizada por Trump, aliada aos gestos de Maduro, cria um raro ponto de inflexão na relação entre os dois governos, marcada por anos de acusações mútuas, sanções econômicas e incidentes militares.
