O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou nesta terça-feira (18) que gestores públicos têm a obrigação de concluir projetos iniciados em governos anteriores. A declaração foi feita durante a inauguração da ponte sobre o Rio Araguaia, estrutura que conecta Xambioá (TO) a São Geraldo do Araguaia (PA), na BR-153. A obra começou no governo Dilma Rousseff e encerra décadas de dependência da travessia por balsa.
Lula afirmou que rivalidades políticas não podem interromper entregas essenciais à população. Para ele, a prática histórica de abandonar obras por terem sido iniciadas por adversários causa prejuízos diretos ao país. “A importância da obra não depende de quem a começou. O que importa é atender as necessidades do povo”, disse, ao lembrar os empreendimentos parados que encontrou ao assumir o terceiro mandato, em 2023.
Com 2.010 metros de extensão, a ponte substitui a balsa que, além de gerar longas esperas, custava mais de R$ 300 por travessia. Apesar das críticas à precariedade do sistema, Lula reconheceu que a balsa foi fundamental enquanto o Estado não assumia sua responsabilidade. “Ela existia porque o poder público falhou em garantir o direito de ir e vir”, afirmou.
Segundo o governo, a nova ponte fortalecerá o fluxo logístico da BR-153, ajudando no escoamento da produção agropecuária e industrial do Norte. O investimento total foi de R$ 232,3 milhões, dos quais R$ 28,8 milhões vieram do Novo PAC. Uma segunda etapa, já em planejamento, prevê a instalação de iluminação pública, com licitação programada para o primeiro semestre de 2026.
A inauguração ocorreu ao lado do governador do Pará, Helder Barbalho, em meio às discussões da COP30, realizada em Belém. Lula rebateu declarações do primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, que disse preferir voltar a Berlim após a conferência. O presidente afirmou que o visitante deveria ter experimentado as tradições locais — da gastronomia à cultura popular — para compreender a riqueza da região. “Berlim não entrega 10% da qualidade que o Pará oferece”, disse, mencionando a maniçoba, prato típico paraense.
Lula também comentou críticas sobre preços e infraestrutura durante o evento climático. Segundo ele, levar a COP à Amazônia enfrentou resistência, mas foi fundamental para colocar o Pará “no mapa do mundo”. “Belém é uma cidade pobre, mas tem um povo generoso como poucos”, afirmou.
