Bilionários redefinem riqueza: menos arte e carros, mais esportes, IA e propósito, mostra J.P. Morgan

Foto Freepik

A forma como os super-ricos enxergam prosperidade está passando por uma transformação profunda. De acordo com o Principal Discussions Report 2025, divulgado pelo J.P. Morgan, coleções tradicionais — como arte, joias e carros de luxo — vêm perdendo espaço para investimentos em clubes esportivos e tecnologias de inteligência artificial, agora vistos como os novos símbolos de poder global.

O levantamento, feito com 111 bilionários, revela que 90% deles acreditam que a verdadeira riqueza está no tempo, na saúde e nos relacionamentos pessoais, e não apenas no dinheiro acumulado. Já 85% definem sucesso como “ajudar os outros e liderar com valores”, indicando uma mudança geracional entre famílias influentes, que passaram a associar riqueza a propósito, impacto e legado.

“Essas famílias nos lembram que prosperidade vai muito além do capital financeiro”, afirma Andrew L. Cohen, presidente executivo global do J.P. Morgan Private Bank. “Elas colocam propósito, conexão e legado no centro dessa jornada.”

Geopolítica e tecnologia dominam o radar dos bilionários

A geopolítica segue como a maior fonte de preocupação: 63% dos entrevistados veem tensões políticas e conflitos internacionais como o risco mais relevante — bem acima dos 56% registrados em 2022. Esse cenário reforça um clima global de ansiedade misturado a pragmatismo sobre o futuro econômico e social.

Entre os latino-americanos, segundo Natacha Minniti, chefe da 23 Wall, a postura é especialmente proativa. Famílias da região estão ampliando investimentos em IA e cibersegurança, mas sem perder de vista “os relacionamentos que sustentam seu legado”.

Inteligência artificial vira novo divisor de riqueza

A tecnologia aparece como o ponto de virada entre os ultrarricos. Quase 80% já utilizam IA na vida pessoal, seja para pesquisas, organização de viagens ou projetos criativos, enquanto 69% aplicam a tecnologia nos negócios — desde análise de dados até decisões estratégicas. Há relatos até de uso para otimizar despesas jurídicas por meio de relatórios automatizados.

O movimento indica que, para esse grupo, o verdadeiro prestígio está migrando de objetos de luxo para ativos capazes de moldar cultura, comportamento e inovação. Em vez de acumularem carros raros ou obras de arte, bilionários agora querem influenciar o futuro — seja por meio de clubes esportivos, seja pela tecnologia que promete reorganizar a economia global.

 

Fonte: Pipeline Valor