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Putin endurece condições e volta a exigir retirada ucraniana para negociar fim da guerra

Foto: Pixabay

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a expor suas exigências centrais para encerrar a guerra na Ucrânia, afirmando que Moscou só concordará em parar os combates quando as forças de Kiev abandonarem integralmente as regiões que o Kremlin considera parte de seu território. A posição, reiterada durante uma viagem oficial ao Quirguistão, reforça a linha dura que norteia a política russa desde o início da invasão.

Entre as áreas reivindicadas estão a Crimeia, anexada unilateralmente em 2014, e o Donbas, que engloba Luhansk e Donetsk, hoje majoritariamente sob controle russo. Kiev, porém, rejeita categoricamente qualquer cessão territorial, argumentando que isso legitimaria a ocupação militar e premiaria a agressão.

Durante a conversa com jornalistas, Putin acusou o governo ucraniano de prolongar o conflito e afirmou que a Rússia seguirá lutando até alcançar seus objetivos caso Kiev não aceite as condições apresentadas. Ele voltou a dizer que Moscou está disposta a conquistar o restante dos territórios disputados pela força, caso não haja acordo.

Apesar do discurso firme, o avanço russo no leste ucraniano tem sido lento e custoso. Avaliações do Instituto para o Estudo da Guerra, nos Estados Unidos, indicam que, no ritmo atual, a Rússia levaria quase dois anos para assumir o controle total da região de Donetsk.

A declaração desta quinta-feira também é a primeira em que Putin comenta os recentes esforços diplomáticos conduzidos por Estados Unidos e Ucrânia. Na última semana, representantes de Washington e Kiev discutiram um rascunho de plano de paz inicialmente proposto em outubro, considerado favorável às demandas de Moscou e posteriormente revisado. O documento, segundo o presidente russo, já foi apresentado ao Kremlin e poderia servir como ponto de partida para futuras negociações, embora ainda precise de ajustes “em linguagem diplomática”.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de reconhecimento informal dos territórios sob controle russo, Putin afirmou que esse é justamente um dos temas em discussão com autoridades americanas. Ele confirmou que uma delegação enviada pelos EUA, incluindo o enviado especial Steve Witkoff, deve chegar a Moscou na próxima semana. O presidente Donald Trump mencionou que Witkoff pode ser acompanhado por seu genro, Jared Kushner.

Do lado ucraniano, o assessor presidencial Andriy Yermak informou que o secretário do Exército dos Estados Unidos, Dan Driscoll, deve visitar Kiev nos próximos dias, indicando que a movimentação diplomática continuará intensa enquanto as conversas tentam abrir espaço para algum tipo de entendimento.

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