A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgou a publicação Desafios de Inteligência – Edição 2026, que antecipa riscos estratégicos para o país no próximo ano. O documento reforça que a segurança do processo eleitoral e o avanço dos ataques cibernéticos impulsionados por inteligência artificial serão dois dos pontos mais sensíveis para o Brasil em 2026, ano de eleições gerais.
Segundo a Abin, as ameaças ao pleito são “complexas e multifacetadas”, envolvendo tentativas de deslegitimar as instituições democráticas, disseminação de desinformação em larga escala, influência do crime organizado em regiões sob seu domínio e riscos de interferência externa com motivações geopolíticas.
Outro alerta crítico trata do uso crescente da IA em ataques cibernéticos. A agência destaca que essa tecnologia pode se tornar um “agente ofensivo autônomo”, capaz de planejar e executar ações maliciosas de forma independente, ampliando a possibilidade de incidentes com impactos até militares. O cenário se agrava diante da corrida global por soberania digital e pela transição para algoritmos pós-quânticos, já que a computação quântica deverá tornar obsoletos os modelos atuais de criptografia pública em poucos anos.
Além da segurança digital e eleitoral, a Abin aponta outras três frentes estratégicas: a reconfiguração das cadeias globais de suprimentos; a dependência tecnológica do Brasil — especialmente de big techs e infraestrutura digital estrangeira — e os impactos de mudanças climáticas, demográficas e geopolíticas. O relatório cita, por exemplo, o aumento de eventos climáticos extremos, como a seca amazônica e as inundações no Rio Grande do Sul, além da disputa global por recursos estratégicos presentes na América do Sul.
Para a Abin, o país vive em um ambiente internacional de “multipolaridade desequilibrada”, marcado pela competição entre grandes potências, especialmente Estados Unidos e China. Nesse contexto, fortalecer a segurança digital, garantir autonomia tecnológica e proteger o processo democrático serão prioridades centrais em 2026.
Fonte: Agência Brasil
