Revista Poder

Com exposição inédita em São Paulo, Pedro Arieta celebra a fotografia e o mergulho no Oriente Médio

Foto Divulgação

Radicado em Nova York, o fotógrafo paulista Pedro Arieta chega a São Paulo para sua primeira exposição no país, na galeria Caribé. Com curadoria de Iatã Cannabrava, Suspensão traz 25 fotografias subaquáticas de pessoas e corais em Dahab, no Oriente Médio, considerado a meca dos mergulhadores.

O trabalho em si traz como protagonista a relação do ser humano com o mar e mostra a experiência subaquática de forma não convencional. “Eu mergulho e fotografo em Dahab há 21 anos, mas as fotos subaquáticas começaram a ganhar mais atenção em 2018, quando algumas imagens de pessoas aproveitando a água me inspiraram a continuar explorando esse universo”, explica.

Em entrevista para a Poder, Arieta fala sobre a expectativa para a inauguração da exposição, que abre no próximo dia 02 e fica disponível até 02/01, além de compartilhar o que espera que o público descubra ao entrar nesse estado de suspensão junto com ele.

Como está a expectativa para a sua primeira exposição no Brasil?

A expectativa está enorme. Estou muito animado para apresentar esse trabalho pela primeira vez, ainda mais na minha cidade natal. É uma oportunidade de encontrar novas pessoas e compartilhar um pouco dessa paixão que tenho por mergulhar nesse lugar tão especial. Será uma verdadeira imersão em um trabalho que nasceu justamente da ideia de imersão.

Você fez sua carreira no universo da moda, assinando diversas capas, editoriais e campanhas. Quando e por que você decidiu iniciar a fotografia no mergulho?

Minhas primeiras experiências de mergulho foram aos 14 anos, na Bahia, e depois aos 17, em Cuba. Mas o encantamento começou muito antes: quando eu ainda era criança, assistindo ao Jacques Cousteau — explorador, oceanógrafo e documentarista francês, hoje considerado o “pai do mergulho autônomo” — na televisão. Aqueles documentários despertaram em mim uma curiosidade enorme pelo mundo subaquático.

Como foi para você unir duas grandes paixões, fotografia e mergulho?

Sempre vivi essas duas paixões em paralelo. Estar debaixo d’água já era um lugar muito confortável para mim, e levar a câmera para esse ambiente me parecia natural. É como se uma paixão potencializasse a outra: o mergulho me dá calma e foco, enquanto a fotografia me dá propósito dentro do silêncio que experimento quando estou submerso.

Nos conte sobre a escolha de fazer todas as fotos em Dahab, no Egito. Qual sua relação com o destino?

Todas as fotografias foram feitas em Dahab, no Egito, um lugar com o qual tenho uma relação profunda. Mergulho e fotografo ali há 21 anos, e foi justamente a partir de 2018, quando algumas imagens que fiz de pessoas aproveitando a água ganharam destaque, que passei a me dedicar mais intensamente à fotografia subaquática. Entre 2024 e 2025, estive em Dahab quatro vezes, somando seis meses de produção contínua, o que resultou no material desta exposição. Todas as imagens expostas foram capturadas nos pontos Blue Hole, Canyon, Eel Garden, Light House e Moray Garden. Dahab é quase uma segunda casa, e essa conexão intensa certamente atravessa cada fotografia que compõe o trabalho.

Quais foram os maiores desafios técnicos ou emocionais ao fotografar em ambiente subaquático, especialmente para uma série artística?

No aspecto técnico, além de ter o equipamento adequado, quanto mais confortável você estiver com o ambiente subaquático e com o próprio equipamento de mergulho, mais natural o processo se torna. Emocionalmente, lidar com essa combinação de imprevisibilidade, profundidade e risco — inclusive o de perder a câmera durante um mergulho — exige muita calma e paciência. Ao mesmo tempo, todos esses fatores tornam o processo mais intenso e contribuem diretamente para a força poética da série.

O que você espera que o público sinta ou descubra ao entrar em contato com essas imagens submersas?

Quero que as pessoas percebam detalhes nas fotos que só aparecem quando estamos completamente imersos na observação e no contexto da mostra, e sintam uma mistura de silêncio, estranhamento e beleza. Se essas imagens despertarem uma nova forma de olhar para o fundo do mar, para o tempo e para o próprio corpo em relação ao ambiente, já terá valido a pena.

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